Ainda no Japão, estudante brilhante de Literatura Inglesa, Issei
Sagawa, nascido em 26 de abril de 1949, ficou muito atraído por uma
professora alemã. “Eu me perguntei se eu poderei comer esta mulher.”
Uma noite, Sagawa invadiu o apartamento dela. Planejava matá-la. Ela
dormia, nua. Ele procurou por algo para golpeá-la. Achou uma sombrinha. Mas ela
acordou antes que ele começasse a agir, e gritou. Ele se assustou e fugiu.
Mas naquela ocasião ele percebeu que seria fácil colocar seus planos em
prática, bastava planejar melhor. A ideia continuou na cabeça. Mas, na verdade,
não era uma fantasia nova. Issei Sagawa disse, depois, que pensava em
canibalismo desde a infância, desde que teve um sonho em que ele e seu irmão
estavam em um caldeirão, sendo preparados para serem comidos por alguém.
Após o incidente com a professora, Sagawa foi a um psiquiatra, que se
preocupou bastante com a história. O pai de Sagawa, um homem rico, pensou que
mandando-o estudar fora ele pudesse deixar de lado estas ideias. O que o pai de
Sagawa não pesou em seus raciocínios é que o jovem não fantasiava com
japonesas, mas apenas com as ocidentais.
PARIS
Alguns anos depois, já em Paris, Issei Sagawa teve uma chance melhor de
sair da fantasia para o ato. Em 1981, com 32 anos, conheceu uma garota, loira,
de 25 anos, chamada Renne Hartevelt, e ficou fissurado nela. Segundo contaria,
quando se sentou ao lado dela, em sala de aula, Sagawa imediatamente se
apaixonou em sua pele branca. Ela também era uma aluna exemplar, falava três
línguas, e Sagawa lhe pediu que lhe ensinasse alemão. Ela topou, e a
relação foi um pouco além disto. Chegaram a sair juntos algumas vezes,
dançaram, ele lhe escreveu cartas de amor. Ela era delicada, feminina, e muito
culta.
Uma noite ela foi à casa dele, atendendo a um convite para jantar. Lá,
ele pediu a ela que lesse para ele um poema alemão. Sagawa disse a Renne que
tinha um gravador e queria que ela voltasse outra vez, pois queria gravá-la
recitando. Ela topou, voltaria em breve. Enquanto isto, ele não parava de
pensar nela. Tinha fantasias eróticas e outros tipos de pensamentos.
FOME
Na noite de 11 de junho, ela voltou à casa dele. Antes de ela chegar
para o encontro, ele tinha preparado seu revólver, calibre 22. Mas quando ela
chegou, ele foi amistoso. Ofereceu-lhe chá, que ela aceitou. Na xícara, ele
colocou um pouco de uísque, sem que ela percebesse. Conversaram, e Sagawa
declarou a ela seu amor, disse que a desejava.
Ela disse que o achava interessante, mas queria que fossem apenas
amigos. “Tudo bem…”, Sagawa disse, e pediu a Renne que lesse o tal poema. Ela
pegou o livro e começou a ler, enquanto ele escutava, de pé, andando pela sala.
Ela lia e ele estava atrás dela, que não percebeu quando ele pegou a arma.
Sagawa apontou para a nuca de Renne e atirou. Renne caiu da cadeira e uma poça
de sangue se formou no tapete. Ela estava morta.
Primeiramente, Sagawa tentou limpar o chão. Depois, começou a despi-la.
ORGIA
Sagawa, então, foi à cozinha e pegou uma faca. Cortou um pedaço seio
esquerdo de Renne. Depois, um pedaço do nariz. E comeu.
Tentou comer diretamente a carne de sua nádega direita, mas não
conseguiu. Sagawa voltou a cortá-la. A gordura lhe pareceu “grãos de milho”.
Ele provou e achou sem sabor. Chegou à carne de Renne. Cortou um pedaço e levou
à boca. O gosto? Ele sentiu como o de um sashimi de salmão.
Pareceu-lhe delicioso, e ele disse isso ao corpo de Renne, olhando para
seus olhos embaçados pela morte. Ele estava em êxtase. Tinha à sua disposição
vários quilos da mulher desejada, para poder desfrutar por muito tempo.
Pegou uma faca elétrica e começou a picar o corpo de Renne. Depois,
pegou um punhado da carne e fritou, temperou com mostarda e jantou.
Sagawa queria imortalizar o momento e tirou algumas fotos de Renne
mutilada. Depois, finalmente fez sexo com os restos do corpo. “Quando subi
sobre ela, um gemido saiu do corpo. Eu disse a ela então que a amava.”
Após o sexo, Sagawa voltou para a cozinha, para cozinhar mais um pouco
da carne de Renne. Enquanto o prato ficava pronto, colocou a gravação do poema
para tocar, e ficou escutando. Quando terminou de comer, limpou a boca com a
calcinha de Renne.
Não satisfeito, ele ainda voltou ao corpo. Provou do seio, mas não achou
bom, concluiu que preferia a coxa.
Cansado, finalmente, ele resolveu dormir. Acompanhado. Pegou o que
restava do corpo de Renne e levou para sua cama.
Quando acordou, ainda cortou mais um pouco a carne de Renne. Desta vez, do
braço. “Eu não tinha ideia que seria tão gostoso!”
Mas as partes “nobres” de Renne começavam a acabar, e ele partiu para
outras. Cortou seu ânus e o levou a boca, mas o cheiro era repulsivo e ele
cuspiu. Tentou fritá-lo, mas isto não amenizou o odor e ele desistiu desta
parte.
Moscas começavam a sobrevoar o cadáver. Sagawa viu que a hora da
despedida se aproximava. Precisava se desfazer do corpo. Antes, teria que
desmembrá-lo. Buscou um machado.
Mas o trabalho de partir Renne em vários pedaços o excitou, e ele usou
uma mão dela para masturbar-se.
Depois, voltou a comê-la. Mastigou o que restava do nariz. Pensou em
comer seus lábios, mas resolveu cortá-los para guardá-los.
Cortou então a língua de Renne e começou a mastigá-la, observando-se em
um espelho.
Voltou a desmembrar Renne e, segurando sua cabeça, finalmente concluiu:
“Eu sou um canibal!”
Era hora de retirar as vísceras…
Esta “brincadeira” de cortar, comer, empacotar, durou todo o dia. À
noite, ele chamou um táxi. Sagawa tinha algumas malas cheias de partes que
queria se desfazer. Outras haviam ficado em sua geladeira, para comer depois.
Pediu ao taxista que o deixasse em um bosque parisiense, o Bois de
Boulogne. As malas estavam pesadas e ele teve dificuldade de carregá-las.
Quando ele percebeu que algumas pessoas viram ele se atrapalhando com as malas,
ele ficou com medo e saiu correndo, abandonando-as.
Um casal se aproximou das malas abandonadas e viu uma mão ensanguentada
saindo fora de uma. Eles então chamaram a polícia. Quando os policiais
chegaram, Sagawa já estava longe. Já estava em casa, comendo tranquilamente
mais um pedaço do corpo de Renne.
A cada dia ele se deliciaria com um pedaço. A geladeira estava cheia.
PRISÃO
Mas no dia seguinte a polícia chegou à casa de Sagawa. Ao abrirem sua
geladeira, ele não teve como negar o crime.
No julgamento, Sagawa reportou um histórico de doença mental e o juiz
concordou, ao ouvir o relato do crime. Sagawa deveria ficar em um hospício, por
tempo indeterminado.
De lá, se correspondeu com alguns homens de letras no Japão, que lhe
enviaram livros sobre canibalismo. “Eu percebi que meu caso não era tão
incomum.” Sagawa aprendeu também como deveria agir se não quisesse ser pego, em
uma eventual próxima vez.
REVIRAVOLTA
Geralmente as histórias de serial killers terminam assim: “Passou o
resto dos dias no hospício (ou na cadeia), até morrer (ou até ser executado)”.
Mas a história do canibal Issei Sagawa tem uma reviravolta
impressionante.
Lembremo-nos que seu pai era rico e influente. Ele conseguiu que Sagawa
fosse transferido para um hospital psiquiátrico no Japão.
Algum tempo depois, neste hospital, concluiu-se que Sagawa não era um
doente mental, ou pelo menos não estava mais em processo psicótico.
Foi então transferido para uma cadeia. Após quinze meses na prisão,
Sagawa foi solto, em 1985.
Sua liberdade aconteceu por causa de um imbróglio jurídico: se ele
cometeu os crimes enquanto estava doente, não deveria ir para a cadeia; se não
estava mais doente, não deveria ficar internado. Assim, poucos anos após ter
matado e esfacelado Renne Hartevelt, Issei Sagawa estava de volta às ruas,
quite com a Justiça.
E com um passaporte para a Alemanha em mãos!
SUPERSTAR
É corrente a ideia de que o Japão é o paraíso das excentricidades. De
fato, sua cultura pop destoa da do resto do mundo. Geralmente estas bizarrices
japonesas apenas divertem o resto do mundo. Porém, o que aconteceu com Sagawa
choca.
Sagawa, após a libertação, tornou-se um popstar, um ícone, um ídolo.
Apareceu em diversas revistas, deu várias entrevistas (link no
comentário). Nestas, não se mostrou arrependido, pelo contrário, defende que o
canibalismo não é algo que deva assustar. “O público me fez o deus do
canibalismo. E eu gosto disto.”
Mas não é só.
Sagawa chegou a participar de vários filmes pornográficos. Escreveu
livros – o que conta a história real vendeu 200 mil cópias.
Fonte: Face Obscura
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