O assassinato de Benazir Bhutto,
ex-primeira-ministra do Paquistão e líder do oposicionista Partido Popular do Paquistão(PPP), ocorreu
em 27 de dezembro de 2007. Ela foi morta em um
atentado suicida, quando deixava um comício na cidade de Rawalpindi,
a 12 km da capital Islamabad. Um dia após o ataque, um dirigente da Al Qaeda no Afeganistão assumiu a responsabilidade da
organização pelo assassinato. Um porta-voz do Taleban negou envolvimento no atentado.
Bhutto
estava em campanha para as eleições parlamentares, marcadas para 8 de janeiro de 2008. A líder paquistanesa
foi declarada morta às 18h16 no horário local (11h16min no horário de Brasília), já no Hospital Geral de
Rawalpindi. O ataque que tirou a vida de Bhutto também matou pelo menos 20
pessoas. Dois meses antes, um atentado terrorista de grandes proporções matou
mais de 120 pessoas em Karachi,
que festejavam o retorno de Benazir do exílio de oito anos.
ANTECEDENTES
Bhutto
havia optado pelo auto-exílio para escapar de processos na justiça
paquistanesa por corrupção e
desvio de dinheiro. Em2004, ela e o marido foram condenados na Suíça por lavagem de dinheiro,
relativo a um indiciamento de 1998,
segundo o qual teriam recebido propinas e comissões — cerca de US$ 11 milhões — de duas empresas suíças
que tinham contratos com o governo paquistanês.
Adversária
política do presidente Pervez Musharraf, Benazir e o presidente
fizeram um acordo para que, após as eleições presidenciais de outubro de 2007,
ela ocupasse o cargo de premiê sob a presidência do general. Esta possível aliança abriu caminho
para que Musharraf anistiasse a líder exilada e possibilitou sua volta ao
Paquistão
Assim,
após oito ano de exílio em Dubai e Londres, Bhutto retornou a Karachi em 18 de outubro de 2007. Nesse
mesmo dia, ela escapou ilesa de um atentado terrorista que matou mais de 120
pessoas, ferindo outras 450 que acompanhavam sua comitiva.
O ATENTADO
Em seu último discurso, pronunciado no Liaquat Bagh, Bhutto
declarou:
Coloco minha vida em risco para vir aqui porque sinto que este país está em perigo. As pessoas estão preocupadas. Vamos tirar o país desta crise. |
Benazir Bhutto foi assassinada com dois tiros, no portão de saída do
parque. Depois do comício, a ex-primeira-ministra paquistanesa deixou o local
em carro, em meio a milhares de partidários do PPP que a saudavam. De dentro do
veículo, Benazir acenava para a multidão pelo teto solar. Neste momento, ela
foi alvejada no pescoço e no peito. Há dúvidas se o atirador foi o mesmo homem
que detonou a bomba que levava junto ao corpo, matando outras 20 pessoas e
deixando 56 feridos.
Contudo, o porta-voz do ministério do Interior, Javed Iqbal Cheema, disse
no dia seguinte que Benazir não morreu por feridas de balas ou estilhaços de
bomba, mas porque teve o crânio fraturado quando sua cabeça bateu contra o teto
do veículo durante o impacto da explosão
PROTESTOS
Após o
anúncio da morte de Benazir, centenas de simpatizantes, concentrados na porta
do Hospital Geral de Rawalpindi, gritavam palavras de ordem contra o presidente
Pervez Musharraf. Seguiram-se
violentos protestos em outras cidades do país - entre as quais Hyderabad (na
província de Sindh), Muzaffarabad (na
província da Caxemira) e Lahore (na
província de Punjab).
Já
foram registrados pelo menos 38 mortos.
Manifestantes
invadiram bancos em Karachi, capital de Sindh (província natal de Benazir), e
queimaram mais de 10 estações de trem; centenas de viaturas também foram
deixadas em chamas, assim como várias sedes do partido de Musharraf.
Na
cidade central de Multan, centenas de pessoas saíram às ruas atirando pedras
contra bancos e postos de gasolina. Em Islamabad, cerca de 100 manifestantes
colocaram fogo em pneus, e uma explosão matou um candidato do partido
governamental e cinco simpatizantes.