Micenas, é um sítio arqueológico na Grécia, localizado cerca de 90 km a sudoeste de Atenas,
no nordeste do Peloponeso. Argos fica a 11 km para sul; Corinto, 48 km para norte. Do monte onde se localiza
o palácio, avista-se a Argólida até
o golfo Sarónico.
No
segundo milênio a.C., Micenas foi um dos maiores centros da civilização grega e
uma potência militar que dominou a maior parte do sul da Grécia. O período da história de cerca de 1600 a
cerca de 1100 a.C. é
chamado Micénico em reconhecimento à posição de
liderança de Micenas.
O nome micénico reconstituído
do sítio é Mukānai, que é
uma forma vocabular no plural, tal como Athānai (Atenas). A mudança de āpara ē é uma mudança
fonética do ático tardio
para o jónico.
Ainda
que a cidadela tenha sido construída por Gregos,
o nome não é considerado grego, sendo antes um dos muitos locais pré-Gregos
herdados por emigrantes Helenos. John Chadwick sustentava
que nomes como Mukanai derivam, certamente de uma ou mais
línguas desconhecidas, anteriormente faladas na Grécia."3 As línguas pré-gregas mantêm-se
desconhecidas, mas não há evidências que permitam excluí-las da superfamília Indo-Europeia.
MITILOGIA GREGA
Dinastia Perseida - Segundo a mitologia grega,
Micenas teria sido fundada por Perseu, neto do
rei Acrísio de Argos, pela sua filha, Dânae.
Tendo matado acidentalmente o seu avô, Perseu não herdou o trono de Argos. Em
contrapartida, procedeu à troca de domínios com o seu primo, Megapentes,
que ficou com Argos enquanto que Perseu passou a reinar em Tirinte,
tendo, posteriormente, procedido à fortificação de Micenas.
Perseu, casado com Andrómeda, depois de ter tido dela vários
filhos, entrou em guerra com Argos, onde foi morto por Megapentes5. O seu
filho, Electrião, viu a sucessão disputada pelos Táfios, filhos de Ptérelas.
Estes reclamavam para si o trono por pertencerem à linhagem dos Perseidas
através do seu bisavô Mestor, irmão de Eléctrion. Como este último não abdicou aos
interesses dos Táfios, estes vingaram-se procedendo ao roubo de grande parte
dos rebanhos reais, que levou os filhos de Eléctrion a entrar num combate que
resultou na morte de todos os contendores. Eléctrion decidiu, então, seguir
para a guerra, confiando a sua filhaAlcmena ao
seu sobrinho Anfitrião, que lhe havia resgatado as cabeças de gado. Anfitrião,
contudo, mata acidentalmente o seu tio e é obrigado a purificar-se do seu acto,
seguindo para o exílio.
O trono passou para Esténelo,
o terceiro na dinastia e filho de Perseu. Este abriu caminho para a futura
grandeza ao casar comNícipe, uma filha do rei Pélope de Élis,
o mais poderoso estado da região, na altura. Com esta, teve um filho, Euristeu,
o quarto e último rei da Dinastia Perseida. Quando
um filho de Héracles, Hilo,
matou Esténelo, Euristeu tornou-se conhecido pela inimizade que passou a votar
a Héracles e à violenta perseguição aos Heráclidas,
os descendentes de Héracles. Estes últimos, que identificar-se-iam com o povo dórico,
reclamavam para si o trono de Micenas, pelo que Euristeu determinou-se em
aniquilá-los e, em consequência, procuraram refúgio em Atenas. No curso
da guerra, Euristeu foi morto juntamente com todos os seus filhos. A dinastia
Perseida via chegar o seu fim. O povo de Micenas decide, então, colocar o tio
materno de Euristeu, Atreu, um Pelópida, no trono.
DINASTIA ÁTRIDA - O povo
de Micenas tinha sido aconselhado por um oráculo a escolherem o novo rei de entre alguém
dos Pelópidas. Os dois pretendentes eram Atreu e
o seu irmão, Tiestes. Este foi o inicialmente escolhido. Mas, na
sequência desta escolha, o sol percorreu o céu em sentido inverso, pondo-se a
Este. Atreu aproveitou o fenómeno para argumentar que, tal como o caminho do
sol tinha sido invertido, também a eleição o deveria ser. O argumento foi tido
em conta e Atreu tornou-se rei. O seu primeiro acto foi perseguir Tiestes e
toda a sua família - isto é, os seus próprios familiares, mas Tiestes conseguiu
escapar.
Segundo a lenda, Atreu
tinha dois filhos, Agamémnon e Menelau, os Átridas. Egisto, filho de Tiestes, matou Atreu e restaurou o reinado
de seu pai. Com a ajuda do Rei Tíndaro de Esparta, os Átridas conseguiram,
contudo, levar Tiestes de novo para o exílio. Tíndaro, por sua vez, tinha duas
filhas , Helena e Clitemnestra, que casaram, respectivamente,
com Menelau e Agamémnon. Este último herdou Micenas e Menelau tornou-se rei de
Esparta.
O assassinato de
Agamémnon.
Pouco depois destes
acontecimentos, Helena fugia de casa do seu marido com Páris de Troia.
Agamémnon conduziu, então, uma guerra de 10 anos contra Troia no intuito de a
reaver para seu irmão. Devido à falta de vento, o navio de guerra onde deveria
seguir a Troia não saía praticamente do porto, o que levou-os a chamar um
oráculo para esclarecer o que estava acontecendo. O oráculo esclarece que
quando Agamemnon matou um cervo em uma floresta sagrada e se gabou de ser o
melhor caçador, desagradouÁrtemis e como
punição Agamémnon deveria
sacrificar a sua filha mais velha Ifigênia em seu altar. Climemnestra é
enganada para trazer a filha com a promessa de que ela casaria com Aquiles. Ao descobrir a trama Ifigênia, diante
da revolta do exército, aceita se sacrificar. A deusa da caça, Ártemis, substituiu-a, sobre ao altar, no
último momento, por uma corça, levando Ifigênia para Táuridapara ser sua suma sacerdotisa. Tendo as
divindades ficado satisfeitas com tal sacrifício, os ventos começaram a soprar
de novo e a frota partiu para Troia.
Conta ainda a lenda que
a longa e árdua Guerra de Troia,
ainda que tivesse sido, nominalmente, uma vitória para os Gregos, trouxe consigo a anarquia, pirataria e ruína para
os povos envolvidos. Mesmo antes da partida da frota grega para Troia, o conflito
provocou divisões entre os próprios deuses, acarretando consigo maldições e
actos de vingança em torno dos heróis gregos. Depois da guerra, Agamémnon, no
seu regresso, foi recebido com todas as honras, sendo de seguida morto durante
o banho porClitemnestra, que o
odiava desde a altura em que este tinha ordenado o sacrifício da sua filha,
Efigénia, ainda que esta se tenha salvo posteriormente. Clitemnestra foi
ajudada no seu crime por Egisto, que reinou em seguida, mas Orestes, filho de Agamémnon, conseguiu fugir
para a Fócida, de onde voltou, já adulto, para
assassinar Egisto e Clitemnestra. De seguida, fugiu para Atenas para fugir da
justiça devido ao matricídio, passando
por uma fase de loucura. Entretanto, o trono de Micenas passou para Aletes, filho de Egisto, mas não por muito tempo. Ao
recuperar a sanidade, Orestes voltou a Micenas e matou-o, recuperando o trono.
Orestes construiu,
então, um dos maiores estados do Peloponeso, mas morreu com a dentada de uma
cobra, na Arcádia. O seu filho, Tisâmeno, o último da dinastia Átrida, foi
morto pelos Heráclidas no seu
regresso ao Peloponeso. Estes
reclamavam o direito dos Perseidas de herdar os vários reinos do Peloponeso e
sortear o seu domínio. Quaisquer que sejam as realidades históricas reflectidas
nestas histórias, os Átridas estavam firmemente estabelecidos na época próxima
do fim da Era Heróica, com a chegada dosDóricos. Não existem histórias estabelecidas
sobre qualquer casa real em Micenas depois dos Átridas, o que pode reflectir o
facto de que não terão passado pouco mais que cinquenta a sessenta anos desde a
queda de Troia VII (que teria inspirado a Troia homérica) e a queda de Micenas.
Os Átridas na Ásia
Menor
De facto, houve um
eclipse total do sol no mar Egeu a 5 de
março de 1223 a.C., que poderia ter levado os Atreus a interpretarem-no como a
inversão natural do curso do sol, como se tivesse posto a oriente, de acordo
com a lenda. Esta data não resolve todos os enigmas levantados pela narrativa
mitológica.
Uma data posterior está
relacionada com a Guerra de Troia,
que poderia estar, nesse caso, realmente relacionada com Troia VII.
Os Perseidas terão estado no poder cerca de 1340, altura de que data a base de
uma estátua de Kom el-Heitan no Egito,
em memória do itinerário de uma embaixada egípcia ao mar Egeu no tempo de Amenófis III. Aceitando que M-w-k-i-n-u , uma das cidades visitadas,
correspondia a Micenas, este é um raro documento a referir a cidade,
pertencente aos "Tanaja", identificados com osDânaos citados por Homero, cujo nome
proviria de Dânae, mãe de Perseu, o que sugere que os
Perseidas tinham alguma forma de domínio sobre a região do Egeu.
Também no século XIV a.C. há notícia dos problemas
causados pelos Ahhiya a vários reis do Império Hitita. Ahhiyawa ou Ahhiya,
termos que ocorrem algumas vezes em várias tábuas hititas ao longo deste
século, corresponderia provavelmente a Achaiwia, forma reconstruída
do grego micénico para designar a Acaia.
Os Hititas não usavam o termoDanaja,
como faziam os Egípcios, ainda que a primeira referência aos Ahhiya nos
"Pecados de Madduwatta" preceda a correspondência entre Amenófis III e um dos sucessores de Madduwatta em Arzawa, Tarhunta-Radu.
As fontes externas correspondentes
ao Heládico Tardio IIIA:1 concordam, contudo, na omissão de qualquer grande rei
ou outra qualquer estrutura unificadora além de Tanaja / Ahhiya.
Por exemplo, em
"Os Pecados de Madduwatta", Attarissiya,
o "homem de Ahhiya" (i.e. o seu governante), ataca Madduwatta e
repele-o do seu território. Este obtém refúgio e ajuda militar do grande rei
Hitita Tudhaliya. Depois da morte deste último e no reinado do seu filho,
Arnuwanda, Madduwatta alia-se a Attarissiya e, juntamente com outro governante,
atacam Alasiya, ou seja, Chipre.
Esta é a única
ocorrência documental de alguém com o nome de Attarissiya. As tentativas de
relacionar o nome a Atreu não têm sido suportadas pela
comunidade científica, nem existe qualquer evidência de qualquer Pelópida
chamado Atreu por esta altura.
Durante o Heládico
Tardio LHIIIA:2,
Ahhiya, já conhecido como Ahhiyawa, estendeu a sua influência até Mileto, fixando-se na costa da Anatólia, tendo competido com os Hititas pela
influência e controlo da Anatólia Ocidental. Por exemplo, por
Uhha-Ziti de Arzawa e, através dele, pela região do Rio Seha de Manapa-Tarhunta.
Ainda que estabeleçam a credibilidade dos Micénicos enquanto poder histórico,
estes documentos levantam tantos problemas quanto os que resolvem.
De forma semelhante, um
rei hitita escreveu a chamada "Carta
de Tawagalawa"12 para o grande rei dos Ahhiyawa,
sobre os danos causados por um aventureiro de nomePiyama-Radu,
de Luwiyan. Nenhum dos nomes desses grandes reis está, de facto, estabelecido,
podendo o rei hitita ser Muwatalli II ou o seu irmão Hattusili
III, o que fará datar a carta para o Heládico Tardio LHIIIB,
segundo os padrões Micénicos. Mas nem na lenda de Atreu nem na de Agamémnon se
faz referência a quaisquer irmãos chamadosEtewoclewes (Etéocles),
nome que, contudo, está associado a Tebas que, durante o precedente período do
Heládico Tardio, LHIIIA,
Amenófis III considerava igual a Micenas.
Noutros documentos, Muwatalli II (que reinou de 1296–1272
a.C.) firma um tratado com Alaksandu (possivelmente Alexandre,
eventualmente identificado como Páris), rei de Wilusa (Ilium, ou Tróia)13 ; e noutro documento refere-se a
Wilusa jurando por Appaliuna (Apolo).
Mas o Alaksandu do tratado referido não poderia, de acordo com a lenda, ser rei
da cidade atacada por Agamémnon, já que tal honra pertenceria a Príamo.
ARQUEOLOGIA
As
primeiras escavações em Micenas foram realizadas pelo arqueólogo grego Pittakis em 1841.
Ele encontrou e restaurou o Portal do Leão. Em 1874,
Schliemann chegou ao local e realizou uma escavação completa. Schliemann
acreditava na verdade histórica nos poemas de Homero e interpretou suas
descobertas segundo essa linha. Ele encontrou os antigos túmulos verticais com
seus esqueletos reais
e artefatos fúnebres espetaculares. Quando ele encontrou uma máscara mortuária de
ouro em um dos
túmulos, ele exclamou: "Contemplem o rosto de Agamenon!"
Deste
período foram apenas encontrados e datados alguns fragmentos de cerâmica
dispersos em entulho revolvido, referentes a antes de 3500 a.C. O sítio foi
habitado, mas a estratigrafia ficou deveras comprometida com as
construções posteriores.
Vista da acrópole, na cidade alta.
Durante
a Idade do Bronze, o padrão na ocupação do espaço de Micenas era o de um monte
fortificado rodeado de pequenos povoados rurais, em contraste com a densa
urbanização da costa. Como Micenas era a capital de um estado que governou, ou
dominou, grande parte do mundo mediterrânico oriental, os seus governantes
terão colocado as suas fortalezas características em regiões mais remotas e
menos povoadas devido ao seu valor defensivo. Já que existem poucos documentos
datáveis nos sítios estudados (como o poderia ser um escaravelho egípcio, por
exemplo) e como não há estudos de dendrocronologia efectuados sobre os vestígios
encontrados, a cronologia da história de Micenas encontra-se muito dependente
da cultura material do Período
Heládico.
Pensa-se
que, neste período, tal como o resto do território continental grego, Micenas
tenha sido ocupada por povos de língua nãoIndo-europeus que praticavam a agricultura e a
pecuária, de 3000 a.C. a 2000 a.C.15 Há
evidências arqueológicas de ocupação do sítio, de 3500 a 2100, ainda que
deficientemente estratificados, tal como acontece para o período Neolítico.
Acredita-se
que a acrópole de
Micenas tenha sido fortificada cerca de 1500 a.C., devido à presença de túmulos
verticais datando
deste período. Os primeiros sepultamentos em covas ou cistas começaram a oeste da acrópole cerca de
1800 - 1700 a.C. Neste período, a acrópole já estava cercada, pelo menos
parcialmente, pela série mais antiga de muralhas. A respeito dos vestígios
desta época, Emily
Vermeule chegou a
dizer que "nada há no mundo do Heládico Médio que nos prepare para o
furioso esplendor dos túmulos verticais."
Espadas e vasos micénios.
Escavado
entre 1952 e 1954 por Papadimitriou e Mylonas, fora das
muralhas, o círculo tumular B pertencente a um recinto funerário do século XVII
ou XVI a.C. O conjunto é rodeado por paredes de pedra de junta seca, de vinte e
oito metros de diâmetro, encerrando catorze grandes túmulos verticais, que se
destinariam a membros da realeza, e doze túmulos menores em forma de cista.
Alguns dos túmulos apresentavam estelas verticais,
permanecendo no local original apenas cinco. As estelas relativas a túmulos
masculinos apresentavam decorações em relevo, enquanto que os túmulos de
mulheres eram marcados por estelas lisas. O facto de muitos dos túmulos terem
sido encontrados inviolados permitiu estudar cerca de trinta e cinco restos
mortais de homens, mulheres e crianças, podendo concluir-se que os homens,
pelas injúrias evidenciadas nos ossos e pela sua massa muscular, pertenciam a
um grupo eminentemente guerreiro.
O Círculo
Tumular A, mais recente, apresentava um espólio ainda mais rico, incluindo
máscaras mortuárias de electro,
um selo de ametista com a representação de uma figura masculina (túmulo Gama),
e um kymbe (vaso alongado e raso) de cristal de rocha com forma de pato no
túmulo Ómicron. O espólio tumular pertence à tradição do Heládico Médio,
importado da Creta Minóica e das Cíclades.
Corte do tolo vulgarmente conhecido como "Sala
do Tesouro de Atreu".
Posteriormente,
os micénios, abandonando a prática das inumações em túmulos verticais, passaram
a construir enormes sepulturas circulares chamadas tolos, frequentemente
construídas nos lados das colinas. Alan Wace categorizou
os nove tolo de Micenas em três grupos, de acordo
com as suas características arquiteturais e de engenharia. O primeiro grupo,
que inclui o Túmulo Ciclópico, Epano Furno, e o Túmulo de Egisto datam do
Heládico Tardio IIA enquanto as mais recentes datam do Heládico Tardio IIIB (o
que corresponde ao período de cerca de 1525 a.C. a 1300/1275). O segundo grupo
inclui Cato Furno, Panagia Tolo, e o Túmulo do Leão. O terceiro grupo é
constituído pelo Túmulo de Clitemnestra, Túmulo dos Génios (ou Tolo Perfeito) e
a Sala
do Tesouro de Atreu, descoberta pelo arqueólogo alemão Heinrich Schliemann. Uma
vez que esta tinha sido saqueada muito tempo antes, não foi considerada como
túmulo por Schliemann. As suas proporções permitiram que Schliemann recebesse
aí o imperador brasileiroDom Pedro II,
para almoçar no seu interior durante sua visita às escavações arqueológicas.
À data
convencional de 1350 a.C., as fortificações da acrópole, e dos outros montes
circundantes, foram reconstruídas num estilo que ficou conhecido como ciclópico devido aos blocos de pedra usados, de
tão grandes dimensões que se julgou posteriormente só poderem ter sido
manejadas pelos míticos gigantes de um só olho, conhecidos como Ciclopes.
Dentro destas muralhas, grande parte das quais ainda é visível, foram
construídos sucessivos palácios monumentais. O palácio final, cujos vestígios
podem ser admirados actualmente na acrópole, datam do início do período LHIIIA:2.
Terão existido palácios anteriores, mas ou foram destruídos ou serviram de base
para a construção de outros.
O PORTAL DO LEÃO
Foram
encontrados em torno do mar Egeu mais
vestígios, geralmente apenas o chão, de palácios construídos com
características arquitetônicas semelhantes, como a existência do mégaro, ou sala do trono, apresentando uma
lareira central sob uma abertura no tecto, suportada por quatro colunas
dispostas quadrangularmente à sua volta. O trono, contra o centro da parede ao
lado da lareira, permitia uma visão desobstruída do governante a partir da
entrada. AS paredes de gesso e o chão eram adornadas por frascos coloridos.
A
construção mais conhecida de Micenas é o Portal do Leão, que foi erguido em
aproximadamente 1250 a.C.. Nesta época, Micenas provavelmente
era uma cidade próspera, cujo poder político, militar e econômico se estendia
até Creta, Pilos e até mesmo a Tebas e Atenas. Entretanto, em cerca de 1200 a.C., o poder de Micenas estava
declinando; durante o século XII a.C., o domínio micênico entrou em colapso.
Tradicionalmente, isto é atribuído a uma invasão dos dórios, gregos do norte, embora atualmente
alguns historiadores duvidem que tal invasão tenha acontecido.
A
lembrança do poder de Micenas se manteve nas mentes dos gregos durante os
séculos seguintes, conhecidos como a Idade das Trevas. Os poemas épicos atribuídos
pelos gregos de gerações posteriores a Homero, a Ilíada e
a Odisseia, preservam memórias do período
micênico. Os poemas de Homero apresentam o rei Agamemnon de
Micenas como o líder máximo dos gregos na guerra de Troia.
Durante
o período clássico inicial, Micenas foi habitada
novamente, embora jamais tivesse recuperado sua antiga importância. Micênios
combateram em Termópilas e
em Plateias durante
as guerras Médicas. Entretanto, em 468 a.C., tropas
de Argos capturam
Micenas, venderam os habitantes como escravos e arrasaram a cidade. Argos
aproveitou-se do momento que Esparta estava ocupada com a Terceira Guerra
Messênia, após
o Terremoto
de Esparta em 464 a.C., e Micenas não podia contar com este aliado.
Durante
os períodos helenístico e romano,
as ruínas de Micenas eram uma atração turística, assim como são hoje. Uma
pequena aldeia surgiu para atender aos negócios gerados pelos turistas. No
entanto, o local foi abandonado no final do Império Romano.
Desde a
época de Schliemann, mais escavações científicas foram realizadas em Micenas,
principalmente por arqueólogos gregos mas também pela Escola
Britânica de Atenas. A acrópole foi escavada em 1902,
e as colinas circundantes foram investigadas metodicamente por escavações
subseqüentes.
Hoje,
Micenas, um dos locais de fundação da civilização europeia,
é um destino turístico popular, a apenas poucas horas de carro de Atenas. O local tem sido bem
preservado e as grandes ruínas dos muros ciclópicos e dos palácios na acrópole
ainda causam a admiração dos visitantes, particularmente quando é lembrado que
eles foram erguidos mil anos antes dos monumentos da Grécia Clássica.