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Genocídio na Guatemala

O Genocídio na Guatemala ocorrido na década de 1980. Foi no período da guerra civil da Guatemala (1960-1996) em que ocorreram, conforme relatado pela Comissão das Nações Unidas, 669 massacres com mais de 200.000 mortos e 45.000 desaparecidos ao longo do conflito que durou 36 anos. Os militares e paramilitares de direita que governavam o país, segundo estimativas da ONU, cometeram 80% dos crimes. Anualmente foram cometidos 6000 assassinatos, dos quais 98% ficaram impunes porque as vítimas, na sua maioria índios maias, não ousavam a imporem-se nos recursos judiciais.



MULHERES, AS VÍTIMAS DA GUERRA CIVIL

Mais de 100 mil mulheres foram estupradas durante os 36 anos de conflito na Guatemala. Esses ataques marcaram um presente em que a violência de gênero tornou-se comum.

A Guatemala continua sendo um território hostil para as mulheres, e em 2010 foram assassinadas 120. Os números de estupros e torturas é maior do que qualquer outro lugar na América. Mesmo Ciudad Juárez, no México, não chega a esse número. Esta estatística é uma sequela daquele período de conflito, que fez mais de 100 mil vítimas mulheres, uma proposta do programa de extermínio da etnia Maya. Ele moldou uma cultura de violência impune contra as mulheres, pois apenas 1% desses casos foram ao tribunal. Neste contexto, um caso instruído pelo Tribunal Nacional tornou-se a única chance de mudar o destino de mulheres guatemaltecas.


"Lembro-me de que havia três que me estuprou, mas não sei quantos mais fez isso porque eu perdi a consciência."

OS ABUSOS DA GUERRA CIVIL

A guerra civil entre o governo e os guerrilheiros reivindicou mais de 200.000 vidas Maia em sua maioria indígena. O estupro, mutilação, escravidão sexual e feticídio (morte de fetos) foram utilizados como um meio para exterminar a população Maya: destruir a mulher era a ferramenta para destruir o povo. Um plano organizado perfeitamente para que o exército pudesse cuidadosamente fazê-la, como relatórios circunstanciados da Comissão para o Esclarecimento Histórico da Guatemala.

Uma dessas vítimas foi Teresa Sic: "Quando conheci os soldados, eles me agarraram à força, fui levada pelo rio e me estupraram eram mais de uma centena naquele dia. Também foram estupradas mais mulheres na aldeia, depois queimaram tudo... eles me amarraram e eu consegui me soltar com a ajuda da minha filha de cinco anos. eu procurei ajuda. Ela estava com fome e com medo, mas ninguém estava ajudando nós."


Foi em 1999, quando o Tribunal Nacional declarou admissível a denúncia apresentada pela Fundação Rigoberta Menchú Tum, que coloca, pela primeira vez, o ex-Chefe de Estado, José Efraín Ríos Montt e outros sete funcionários, como acusados de terrorismo, genocídio e tortura sistemática. Cinco anos depois, o Tribunal emite uma acusação contra oito generais, mas as autoridades guatemaltecas se recusam a extraditá-los. Para eles, os estupros em massa que ocorreram durante o conflito foram consideradas "mero dano colateral".

Poucos dias depois, Teresa Sic foi levada para El Chol (município da Guatemada), onde foi estuprada por vários soldados durante 15 dias seguidos e onde era obrigada a beber sangue e a comer carne crua.

No departamento de Quiché, ao norte da capital da Guatemala, o plantio de campos verdes e coloridos mercados possuía um dos segredos mais escondidos da história macabra do país: esta era a área onde a violência, durante o conflito, era extrema. Especialmente na década de 80. Mulheres sobreviventes do genocídio decidiram quebrar o silêncio e levantar-se para o governo acusando-o de culpado. "Precisamos esclarecer os fatos e estado de reconhecimento da verdade, que é o meu maior desejo", diz Rachel, "não têm voz, estupros durante o conflito armado parece não existir."

As mulheres falam da rejeição que experimentam em suas comunidades por dizer a verdade. "Mostra-nos, insultar-nos, de rir de nós mesmos que nos estuprada", disse Maria Castro, que não pode ajudar, mas se satisfaz em contar como, depois de depor como testemunha no Supremo Tribunal, em 2008, seu filho foi morto.

Patricia Yoj, advogada do povo Maya que trabalha com queixas, diz que "até mesmo o representante do Programa Nacional de Compensação (plano de Estado que lida com a reparação das vítimas do conflito) disse que não acredita em estupro e esta foi publicada na mídia. É humilhante".


A rejeição por parte de seus maridos é mais difícil para essas mulheres que sofreram a pior tortura.

Mary Castro diz: “soldados me emboscaram, levava a minha filha comigo, ela estava muito assustada, chorando, gritando, mas os soldados deram um tiro a minha carga, me jogaram no chão. Eu ainda me lembro. Eles eram três que me estupraram, mas eu não sei quantos mais fez isso porque teve um período em que eu perdi a consciência. Quando acordei, os vi recolher suas armas rapidamente e irem para outro lugar. Minha chorava muito, tinha visto tudo". Ao chegar a casa e contar o ocorrida ao marido, ele a repudiou dizendo que, se ele ainda estava viva é porque ela havia permitido ser estuprada. Como se ela tivesse culpa disso.

Mas a tortura cometida pelos soldados era muito violenta. Algumas mulheres, além de estupradas, tiveram partes de seus corpos mutiladas. Algumas foram queimadas vivas.


O Juiz espanhol Pedraz resolveu aceitar a denúncia de Crime Internacional essas torturas e estupros coletivos ocorridos durante a Guerra Civil da Guatemala. Como um perito para a causa será Sellers Patricia, a primeira mulher que conseguiu declarar o estupro como arma de guerra nos tribunais internacionais. "Quando você estuprar um ser humano para se tornar um morto-vivo, quando você roubar a sua mais preciosa intimidade e matar o seu futuro. Se você quiser destruir um povo esta é a melhor maneira de fazê-lo. A tortura sexual são as armas mais destrutivas" disse Sellers. Ele acrescenta que "é a primeira vez que o estupro como genocídio é julgado em um tribunal nacional e que isso cria um precedente histórico. Sellers ainda envia uma mensagem clara para os autores: Não há lugar para se esconder, Unidos não precisam de tribunais especiais." 


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