Conta a lenda que um homem muito
bruto gostava de perseguir viajantes que invadiam suas terras. Muitos homens
foram mordidos pelos seus cães, ou perseguidos por ele e seus lacaios armados
até os dentes, enquanto estes riam e debochavam da cara de medo dos coitados.
Um dia um jovem entrou no território
do fazendeiro que logo soube da situação pela boca de um de seus trabalhadores
e foi a cavalo à caça do rapaz.
Os cães logo encontraram o jovem, que
descansava embaixo de uma árvore frondosa próximo a uma cerca de arame farpado
que separava a estrada de barro que levava até a cidade. O homem chamou a
atenção do rapaz e disse que ele iria pagar o preço por ter invadido sua
propriedade, soltando os cães sobre o jovem que gritava enquanto tentava
escapar dos ferozes animais. O homem observava alegre ao jovem sendo dilacerado
pelos cães.
Nos últimos momentos ele chamou os
cães e foi escarnecer o moço que se encontrava caído e empoçado em seu próprio
sangue. Ao perder as forças o morimbundo rogou uma maldição sobre o homem,
dizendo que ele pagaria pelo resto da eternidade o que havia feito com ele e
com os outros viajantes. Logo após ele morreu e foi deixado lá para apodrecer
pelo maldoso homem que saiu dali perseguido por um medo incessante.
Meses depois, o homem foi caçar outro
viajante, mas desta vez ele não voltou. Os seus empregados encontraram seu
corpo pendurado pelo pescoço na mesma árvore em que havia matado o peregrino da
última vez. Nenhum de seus cães foram avistados nunca mais. E ninguém teve
coragem de retirá-lo dali, pois seus olhos estavam arregalados e cheios de
sangue, o que os fazia ficar vermelhos. Deixaram o corpo para a polícia retirar
e averiguar.
Apenas no outro dia a polícia chegou
ao local. Mas o corpo do homem agora estava no chão e sem a cabeça. Ninguém
jamais soube explicar quem havia feito aquilo, pois ninguém teria coragem de ir
até aquelas brenhas na escuridão da noite.
Dias depois a cabeça do homem foi
encontrada boiando em uma enorme lagoa próxima ao terreno.
Até hoje muitas pessoas têm medo de
passar naquele trecho da estrada, que agora é de asfalto, mas ainda passa ao
lado da mesma árvore citada na história. Vários pessoas relatam ter visto um
homem pendurado naquela antiga árvore, ou avistado um indivíduo completamente
ensanguentado sentado à beira da estrada, e até mesmo assustadores latidos são
ouvidos à distancia nas noites mais frias.