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A Cidade do Silêncio

1995. Silvia Elena, 16 anos, sai de casa para ir a escola, onde faria sua última prova antes da formatura. Silvia, como de costume, saiu para ir a escola e depois ao trabalho. Sua mãe, Ramona Morales, às 19 horas foi esperar a filha no ponto de ônibus. Ela não chegou. Ramona achou que a filha havia ido a alguma festa, mas estranhou o fato de que a filha não costumava mudar de planos e não dar notícias. Ramona então procurou as autoridades. Denunciou. Protestou. Esperou! Cerca de dois meses depois, a polícia bate a sua porta. "Encontramos sua filha". Ramona apenas viu os restos de sua filha encontrados em um terreno baldio com sinais de estupro e tortura. Os seios traziam marcas de dentes, foram mutilados. Ramona nunca soube o que aconteceu com a filha. Depois do desaparecimento de Silvia, a mãe recebeu alguns telefonemas anônimos. O último foi no dia em que o corpo de Silvia foi encontrado. Mesmo sem provas, e já acusado de outros crimes contra mulheres, Latif Sharif Sharif, um egípcio, acabou sendo acusado e condenado pelo crime. Não muito depois, morreu na cadeia.






Infelizmente, o drama de  Ramona não é o único. Essa história se repete com mais de MIL mães que, enquanto choram a ausência de suas filhas, imploram por justiça. Entre 1993 e 2011, o número de casos abertos era de 1100. Todas jovens mulheres, que tinham sonhos e esperanças e que o destino foi traiçoeiro.


A paisagem seca da fronteira do México com os Estados Unidos, onde fica Juarez, uma das 50 cidades mais violentas do mundo, torna a região um lugar hostil à sobrevivência. A cidade tem uma fraca política social e uma economia frágil. E é esse o perfil das mais de mil vítimas de assassinatos em Ciudad Juarez: jovens da classe mais pobre, que trabalham e estudam ao mesmo tempo.


A cidade tem dois milhões de habitantes, mas com o crescente aumento da violência e especialmente pelos assassinatos contra mulheres, muitas pessoas tem deixado Ciudad Juarez com medo de acabarem sendo mais uma, entre tantas vítimas. Não bastasse essa onde de assassinatos, que já dura 10 longos anos, os crimes contra as mulheres andam lado a lado com os cartéis de drogas. O tráfico é intenso em Juarez, pois faz fronteira com uma cidade do Texas. O clima violento é intenso e acaba obrigando moradores a se manterem escondidos, lojistas a fecharem suas portas. Os donos das lojas não suportaram ter que pagar as "contas" impostas pelo crime organizado. E nesse ambiente de extrema violência, comandado por bandidos de todos os lados, as mulheres tornam-se vítimas mais frágeis.


Quando os assassinatos contra mulheres começou a ganhar notoriedade, imaginou-se que os culpados seria grupos de traficantes e criminosos que, sequestravam e matavam as jovem, em rituais de sacrifício, para demostrarem sua masculinidade. A maneira como os corpos eram encontrados funcionava como uma espécie de comunicação entre criminosos de bandos inimigos. Cada grupo criminosos possuía uma coisa única, que demostrava quem era. Também se cogitou a possibilidade de uma indústria de filmes SNUFF. Esse tipo de filme consiste na gravação de estupros, assassinatos e mutilações reais.





Se Juarez é a cidade do crime, também é a cidade da impunidade. Em 2008, um caso chocou a família da vítima e a opinião pública. Rubí Escobedo, 16 anos, foi vítima de crime passional. O principal suspeito foi a julgamento. Era o namorado da jovem que, no seu julgamento de declarou culpado e pediu perdão à Marisela, a mãe da jovem. O juiz designado para o caso o declarou INOCENTE. E essa (IN)condenação foi o que causou tanto alvoroço na cidade. Marisela armou uma revolução. O caso foi reaberto e o suspeito confesso foi condenado. Mas a essa altura, ele já havia fugido. Em dezembro de 2011, o caso teve uma reviravolta. Marisela participava de um protesto em frente ao Palácio do Governo de Chihuahua, estado onde fica Juarez, e foi morta com um tiro. O crime causou indignação na cidade, afinal Marisela era a mãe que mais participava de protestos e outros eventos na busca por justiça. Rubí e o jovem namorado assassino se conheceram quando ela tinha apenas 14 anos. Ele era um rapaz ciumento e violento que tirou a jovem de casa, para irem morar juntos. Tiveram um filho, mas mesmo assim, a jovem Rubí apanhava do companheiro.




Esses são apenas alguns dos mais de mil casos dessa cidade mexicana que vive na violência contínua. São muitas histórias, muitos dramas e muitos culpados injustamente impunes!

Um comentário:

  1. ótimo texto =]
    Seguindo
    me faça uma visitinha http://maristelasaldanha.blogspot.com.br/
    grande abraço =*

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