Em 26 de janeiro de 2009, Adina
Feitor Porto, de 34 anos, saiu de sua casa, no bairro Lindeia, na região do
Barreiro, para atender um cliente e, desde então, não foi mais vista.
Trabalhava com o marido em uma empresa de gesso. Seu corpo foi encontrado uma
semana depois no município de Sarzedo, região Metropolitana de Belo Horizonte.
Depois do estupro foi estrangulada.
No dia 16 de abril de 2009, Ana
Carolina Assunção, 27 anos, foi com o filho de 1 ano, por volta das 18
horas, buscar a mãe na loja, no bairro Industrial. Sua mãe estranho quando, ao
aguardar a filha na porta da loja, viu o carro da administradora passar direto.
Ligou, então, para o genro que, ao contatar Ana, esta disse estar bem e que
havia chegado em casa, o que não era verdade. Seu irmão, Jair, também avisado
da suspeita de sequestro-relâmpago de Ana, também telefonou para ela que, a
todo tempo repetia que estava bem e pediu que ele não fizesse tantas perguntas.
Seu carro foi encontrado horas depois, na Avenida Governador Benedito
Valadares, no bairro João Pinheiro, em local deserto e de pouca iluminação.
Estava seminua no banco traseiro do carro, tendo sido violentada e estrangulada
com o cadarço do tênis dentro do seu carro, ao lado do filho de 1 ano. O bebê
não foi agredido, sendo deixado no colo da mãe.
Em 17 de setembro de 2009, Maria
Helena Lopes Aguilar, 49 anos, saiu da sua loja no Barro Preto e não chegou
em casa no bairro Industrial. Dona de duas lojas de confecções, seu corpo foi
achado no dia seguinte, no banco traseiro de seu carro, no bairro Califórnia,
violentada e estrangulada com o cinto de segurança do carro. Teve o celular
furtado.
Natália Cristina de Almeida Paiva, 27 anos, desapareceu no dia 07 de outubro de 2009, quando saía de
casa, no bairro Santa Margarida, no Barreiro, para ir à PUC-MG onde cursava
Direito. Nunca chegou à faculdade. Morava na casa da mãe com seus dois filhos,
uma menina de 3 anos e um menino de 9 anos. Seu carro foi encontrado um dia
depois em uma rua do bairro, porém, em 29 de outubro um corpo em estado de
esqueletização deu entrada no IML, sendo impossível sua identificação e, 30
dias depois, foi enterrado como indigente. Em fevereiro de 2010 veio a confirmação:
exames de DNA comprovaram que o corpo era de Natália.
Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, 35 anos, contadora, saiu da faculdade onde trabalhava, no bairro
Floresta, indo buscar a filha de 15 anos na casa de uma amiga, a três
quarteirões de sua casa. Antes, a contadora ia passar na Escola Municipal Nossa
Senhor Aparecida, na rua Uruguai, para pegar um documento com um colega de
trabalho. Edna telefonou para ele às 19h40min, dizendo que já estava quase na
porta da escola, pedindo que ele a esperasse no portão, mas não apareceu. Seu
carro foi encontrado no mesmo dia, com a chave na ignição, porém, seu corpo foi
encontrado no dia seguinte, numa estrada de acesso ao Condomínio Retiro das
Pedras, em Nova Lima, usando uma aliança com seu nome e estrangulada com um
cabide de arame revestido com material plástico que Edna usava no carro para
pendurar um blazer. Como mantinha as unhas grandes e bem cuidadas, a perícia
encontrou pedaços de carne e pele debaixo delas. Por conhecer o temperamento de
Edna, a família na época chegou a pedir que divulgassem que o assassino
possivelmente estaria ferido, mas não deram atenção. Constataram que Edna foi
violentada quando estava desmaiada ou morta.
Em todos os casos, os celulares das vítimas foram levados, deixando
objetos de maior valor.
Assim nasceu nas crônicas policiais o “Maníaco de Contagem”.
CASO DESVENDADO
Exames comprovaram que o esperma encontrado nos corpos de Ana Carolina,
Maria Helena e Edna Cordeiro pertenciam à mesma pessoa. Em um dado momento, o
assassino passou a usar os telefones das vítimas o que fez com que a polícia,
através de rastreamento, chegasse a um suspeito: Marcos Antunes Trigueiro, de
32 anos. Em fevereiro de 2010, ao ser revistado por um policial, foi percebido
um forte odor de fezes, pois, Marcos possuía uma bolsa para colostomia, o que o
ligou ao crime de Edna, pois, seu carro, segundo a polícia, estava repleto de
fezes.
Trigueiro só confessou os crimes após a confirmação do exame de DNA.
O ASSASSINO
Forte, olhos verdes, 1,86m de altura, Trigueiro é o mais velho de 3
irmãos – os outros são Alexandre e Viviane. A família tinha um histórico de
violência: “Nosso pai, depois de separar da mãe, viveu com a gente à força, e
só batia, era pontapé, soco, eu tenho uma clavícula quebrada até hoje, devido
às agressões. O Marcos sempre foi calado, não tinha amigos”, diz o irmão
Alexandre, de 29 anos. Há relatos de que o pai de Marcos, o falecido
caminhoneiro Nívio Antônio, esquentava chaves de fenda para queimá-los. Tanto o
pai e a mãe bebiam muito e sua mãe nunca foi visitá-lo na cadeia... não se viam
há sete anos. Segundo Alexandre, o irmão não tinha amigos e seu único
passatempo, já adulto, era jogar videogame: jogos de luta, arrancar cabeça,
perna, braço.
Está no terceiro casamento e pai de 5 filhos, a sogra de Trigueiro
disse que sua filha, Rose Paula, gosta muito dele e sempre o considerou um bom
marido. Rose é evangélica, o marido a acompanhava nos cultos. Uma das duas
ex-mulheres de Trigueiro também o elogiou ao depor e disse que a separação
aconteceu por ela ser muito mais velha e por ele ser romântico demais. Segundo
ela, depois da separação ele teria mudado. Passou a chantageá-la exigindo
dinheiro para não sequestrar a filha.
Pintor desempregado, estava escondido embaixo da cama, no barracão onde
morava com a mulher e uma filha, quando o policial chegou e se fez passar por
um cliente, interessado em comprar seus objetos de artesanato.
Em 2004 foi acusado de roubar e matar o taxista Odilon Ribeiro. Como
sequer houve auto de necropsia, saiu em 30 dias. Preso novamente em fevereiro
de 2005 por roubo, fugiu em outubro. Recapturado em janeiro de 2006, cumpriu um
terço da pena de 5 anos, passou ao regime semiaberto e saiu de vez em junho de
2008. Quando preso pelos assassinatos em Contagem, confessou o assassinato do
taxista, ocorrido há 6 anos atrás.
Agia da seguinte forma: abordava suas vítimas nos carros, a levava a
lugar ermo e as estuprava. Então, pedia que vestissem novamente a roupa e,
quando elas achavam que seriam libertadas, ele as estrangulava, só roubando o
aparelho celular. Todas as suas vítimas eram morenas claras, de classe média e
cabelos compridos. Curiosidade: as vítimas tinham o mesmo perfil da mãe de
Marcos.
Em sua avaliação psicológica, ele não quis falar sobre os crimes.
Demonstrou frieza afetiva, indiferença, calma, fala baixo, nunca olha nos olhos
e não se perde no raciocínio.
Permaneceu no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional São
Cristóvão. Atualmente, cumpre pena na Penitenciária de Segurança Máxima Nelson
Hungria, em Contagem, pelas seguintes condenações:
28 anos de reclusão – vítima: Maria Helena
34 anos e 4 meses – vítima: Ana Carolina
36 anos e 9 meses – vítima: Edna Cordeiro
27 anos – vítima: Natália Cristiana Almeida de Paiva
26 anos e 2 meses - Vítima: Adina Feitor Porto
Fontes: Face Obscura