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O Filho de Sam






David Richard Berkowitz - 01 de junho de 1953, Nova Yorkfoi um serial killer dos Estados Unidos. Em pouco mais de um ano, ele aterrorizou a cidade de Nova York. Filho de Sam, como é conhecido, atuou entre julho de 1976 e agosto de 1977. Quando foi preso, o assassino confessou ter matado seis pessoas e ter ferido outras sete usando sua arma calibre 44. Mais tarde, ele alegou estar possuído por um demônio de um cão que vagava pelas ruas. Também mudou seu depoimento, alegando ter matado três pessoas e ferido uma quarta e as demais vítimas teriam sido vítimas de um "culto satânico" e ele seria um dos membros desse culto. Desde então, a polícia acredita que ele não agia sozinho. 

David Berkowitz, nascido em 01/06/1953, era filho adotivo de Nathan e Berkowitz Pearl. A família vivia em uma casa de classe média, no Bronx. David se sentia rejeitado, seu tamanho e aparência não ajudavam em nada. Ele era maior do que a maioria dos garotos de sua idade, e não era particularmente, atraente. Seus pais não eram pessoas sociais e Berkowitz seguiu nesse caminho, desenvolvendo uma reputação de ser um solitário. Berkowitiz foi atormentado pela culpa e pela raiva:  foi um aluno médio, não apresentando qualquer talento especial para qualquer assunto. No entanto, tornou-se um jogador de beisebol. Ao redor do bairro tinha uma reputação de ser valentão. Acreditando que sua mãe natural morreu ao dar à luz a ele, foi a fonte de intensa culpa e raiva dentro de Berkowitz. Alguns acreditam que foi a razão para seu comportamento anti-social e agressivo como uma criança.

As vítimas

Berkowitz declarou que o primeiro ataque a uma mulher ocorreu em 1975. Ele esfaqueou uma religiosa. Essa vítima nunca foi identificada mas uma outra, Michelle Forman, foi seriamente machucada e teve que ser internada em um hospital.



Donna Lauria e Jody Valenti Por volta da uma da manhã de 29 de julho de 1976, Mike e Rose Lauria retornavam para o seu apartamento em após jantarem fora. A filha Donna, 18, e a amiga dela Jody Valenti, 19, estavam no veículo dos Valenti do lado de fora da casa. Mike Lauria concordou que o cachorro poodle da família ficasse com elas. Ele teria visto um homem dormindo num carro amarelo estacionado do outro lado da rua. Os vizinhos também avisaram a polícia sobre um carro dessa cor rondando a área, horas antes dos disparos.


Depois que seus pais entraram, Donna Lauria abriu a porta do carro e viu um homem se aproximando rapidamente. De um saco de papel que carregava, ele tirou um revólver e o disparou por três vezes. Donna recebeu uma bala que a matou quase instântaneamente, Valenti levou um tiro na perna e a terceira bala se perdeu. O atirador fugiu.


Valenti, que sobreviveria aos ferimentos, disse que não reconhecera o assassino. Ela o descreveu como um homem branco de 30 anos, de cabelo curto. Essa descrição batia com a de Mike Lauria do homem que estava no carro amarelo. 
Detetives da Oitava Delegacia de Homicídos de Nova Iorque recolheram poucas pistas. A mais importante foi a de que a arma usada era uma Charter Arms Bulldog calibre .44, um revólver poderoso de cinco tiros para ser usado à curta distância.


A polícia seguiria duas hipóteses: a de que o atirador fosse um admirador secreto da popular Donna ou que o atirador se enganara e atingira a pessoa errada. Os vizinhos tinham vistos recentes atividades mafiosas e a polícia achava que Mike Lauria tivesse algum envolvimento com o crime organizado. 
Berkowitz disse que deu os tiros e que os membros do culto o qual se juntou na primavera que usava drogas, praticava pornografia sádica e cometia crimes violentos. participaram do crime, vigiando e seguindo as vítimas.


Carl Denaro e Rosemary KeenanNa madrugada de 23 de outubro de 1976, ocorreu outro tiroteio, dessa vez no Queens. Carl Denaro, 25, e Rosemary Keenan, 38, estavam estacionados quando por volta da 1:30, a janela do carro foi estilhaçada e o casal ouviu vários disparos. Denaro e Keenan não viram quem deu os tiros. Denaro foi atingido na cabeça e Keenan ficou ferida superficialmente pelos estilhaços.
A polícia encontrou balas de calibre .44 mas as deformações impediram a identificação da arma. Denaro tinha cabelo comprido e a polícia especulou que o assassino pudesse tê-lo confundido com uma mulher. O pai de Keenan era um policial veterano e aprofundaria as investigações. Como no caso Lauria-Valenti, não havia motivo para os disparos e a polícia fez poucos progressos.
Berkowitz mais tarde contaria que ele observara e ajudara no crime mas quem atirara em Denaro fora uma mulher da qual ele não sabia o nome. As vítimas teriam sobrevivido em função do atirador não estar familiarizado com a .44 Bulldog.

Donna DeMasi e Joanne LominoNa noite de 26 de novembro de 1976, Donna DeMasi, 16, e Joanne Lomino, 18, voltavam para casa depois do cinema e ficaram do lado de fora da casa de Lomino, num lugar iluminado pela luz da rua quando um homem alto, louro-escuro e de olhos negros e usando um uniforme militar se aproximou e ficou próximo das garotas.


DeMasi e Lomino acharam que ele estava perdido e iria perguntar sobre a direção a tomar. Até que sacou um revólver e atirou em cada uma das garotas uma vez. Enquanto elas estavam caídas, ele faria outros disparos. Os vizinhos ouviram o barulho e um dos moradores avistou o atirador louro correndo com uma pistola na mão esquerda. DeMasi e Lomino ficaram internadas com vários ferimentos: Lomino ficou paraplégica mas DeMasi se recuperou.

 

Baseados no testemunho de DeMasi, Lomino e dos vizinhos, a polícia começou a procurar um homem louro. A arma foi identificada como uma .44. Berkowitz disse que quem atirou foi o membro do culto John Carr e que um policial de Yonkers estava envolvido no crime.

Christine Freund e John DielNa madrugada de 30 de janeiro de 1977, um casal de noivos, Christine Freund, 26, e John Diel, 30, estavam dentro do carro de Diel, preparando-se para ir a uma casa de dança após terem saído do cinema.

Três balas atingiram o carro por volta da meia-noite e meia. Em pânico, Diel dirigiu em busca de ajuda. Ele recebeu ferimentos superficiais mas Freund levou dois tiros. Ela morreu poucas horas depois no hospital. Não viram quem os atacou.


A polícia determinou o uso da Bulldog .44. Foi feito o primeiro anúncio público sobre as similaridades desse ataque com os outros dois e que poderiam haver conexões entre eles; foi dito sobre o calibre .44 e que as vítimas eram mulheres jovens, com cabelos longos e escuros, atacadas em carros estacionados e com acompanhantes.

Virginia VoskerichianPor volta das 7:30 da noite de 8 de março de 1977, a estudante Virginia Voskerichian, 19, estava voltando para a casa da escola. Ela morava próxima ao lugar do ataque a Christine Freund. O ataque a Voskerichian difere dos outros do “Filho de Sam”. Ela estava sozinha e o horário era diferente.


Não houve testemunhas diretas do assassino de Voskerichian. Ela tinha tentado se proteger colocando os livros na frente do rosto, mas a bala atravessou e atingiu sua cabeça, matando-a. Ao ouvirem os disparos, os vizinhos correram para o local e viram uma pessoa que descreveram como um garoto de 16 a 18 anos de idade e sem barba, usando um boné.


Berkowitz contou que ele esteve na cena do crime de Voskerichian, mas que a atiradora fora uma mulher de Nova Iorque. Disse ainda que esse ataque foi para confundir a polícia.

Alexander Esau e Valentina SurianiNa madrugada de 17 de abril de 1977, Alexander Esau, 20, e Valentina Suriani, 18, estavam no Bronx, a poucos quarteirões da cena do crime de Lauria-Valenti. Por volta das três da manhã, cada um deles foi atingido duas vezes. Suriani morreu no local e Esau foi levado ao hospital, mas morreu sem poder descrever quem os atacara.


Nos dias que se seguiram, a polícia repetiu a teoria de que apenas um homem fora o responsável pelos assassinatos com a calibre .44. Berkowitz afirmou ter sido o responsável pelas mortes de Esau-Suriani.

Sal Lupo e Judy PlacidoEm 26 de junho de 1977, o casal estava no carro quando foram feitos três disparos na lataria. Os ferimentos foram superficiais. Berkowitz disse que o membro do culto Michael Carr fora quem atirara. Contou que os membros cultistas queriam atirar em alguém que frequentava a discoteca Elephas por acharem que o local fazia referência ao trabalho do ocultista do século XIX Eliphas Levi, estudado por eles.

Stacy Moskowitz e Robert ViolanteEm 31 de julho de 1977 no Brooklyn, o casal estava no carro estacionado de Violante. Quando se beijavam, um homem se aproximou do lado do passageiro e atirou dentro do carro, acertando os ocupantes na cabeça. Depois fugiria para o parque. Moskowitz morreu horas depois e Violante sobreviveu cego de um olho e com a visão do outro afetada. O cabelo dela era curto e louro. Os disparos foram testemunhados por Tommy Zaino, 19. . Uma mulher chegou a informar uma placa do carro do assassino e outras testemunhas apareceram, sendo o caso com o maior número delas até então. Berkowitz disse que o atirador fora um amigo de John Carr, recém-chegado da Dacota do Norte.

 

Cartas do Filho de Sam

 

Numa rua próxima dos assassinatos de Esau-Suriani, um policial descobriu uma carta escrita à mão, endereçada ao capitão da NYPD Joseph Borrelli. O autor da carta admitia ser um monstro e dizia ser o "Filho de Sam". Dizia que Sam gostava de beber sangue para se manter jovem e o ordenava para "sair e matar" ("Go out and kill"). "Papa" Sam o mantinha preso no sótão e com isso ele via o mundo pela janela, sentindo-se um desajustado. Para parar de cometer assassinatos tinha que ser morto. Ele não queria matar mais, mas o fazia em honra de seu pai. Desejava uma feliz Páscoa para os moradores do Queens.

 


 

A descoberta da carta foi anunciada mas o conteúdo permaneceu em segredo. Em um trecho sobre ataque cardíaco, foi lembrado pela polícia que Lauria era uma técnica médica e Valenti estudava enfermagem. Já em 30 de maio de 1977, o colunista do New York Daily News recebeu uma carta manuscrita de alguém que se dizia o assassino da .44. A carta foi postada em 30 de maio e trazia a pergunta "What will you have for July 29?" interpretada como uma ameaça de crime no aniversário da primeira aparição do assassino. A carta foi publicada uma semana depois no Daily News causando pânico na cidade, a policia recebeu centenas de denúncias, provavelmente sem bases. As mulheres de cabelos escuros passaram a pintá-los de outra cor e aumentou a procura por perucas. Durante um dos verões mais quentes registrados, o povo permaneceu dentro das casas à noite.

 

Prisão

 

Como providência a polícia investigou 56 proprientários de .44 Bulldog e os testes não localizaram a arma. Também foram colocados agentes disfarçados de amantes em carros estacionados em áreas isoladas da cidade.


Na noite em que Moskowitz e Violante foram atingidos, Cacilia Davis, que morava próxima da cena do crime, viu Berkowitz rondando na vizinhança e retirar o bilhete de multa do seu Ford Galaxie amarelo. Dois dias depois ela foi à polícia.

 



Apesar de negar, a polícia tratou Berkowitz inicialmente como uma possível testemunha e não um suspeito. Isso mudou em 9 de agosto de 1977, sete dias após Cacilia Davis te contado sobre o homem com a multa. O detetive James Justis telefonou para a polícia de Yonkers para perguntar pelo bilhete e sobre Berkowitz. O sargento Mike Novotny disse que a polícia dali suspeitava de Berkowitz, ligando-o a crimes em Yonkers que tinham sido mencionados nas cartas do Filho de Sam. Para a surpresa da NYPD foi falado que Berkowitz poderia ser o Filho de Sam.


No dia seguinte, a polícia investigou a rua e o carro multado de Berkowitz. Foi encontrado um rifle Commando Mark III, munição, mapas das cenas dos crimes e uma carta para o sargento Dowd da Força-Tarefa Omega, com mais ameaças de assassinatos. A polícia esperou por Berkowitz sair do apartamento onde morava. Ele saiu as 10 da manhã, carregando a .44 Bulldog num saco de papel e então foi detido em frente ao seu apartamento em 10 de agosto de 1977.


A polícia revistou o apartamento e encontrou grafites satânicos nas paredes. Havia também um diário. Durante o julgamento os policiais foram questionados pela revista do carro ter sido ilegal. A posse do rifle também seria legal no Estado de Nova Iorque. Durante os interrogatórios, Berkowitz disse que o mencionado "Sam" era Sam Carr, um vizinho. Berkowitz declarou que o cão labrador negro de Carr, Harvey, fora possuído por um antigo demônio e que através dele a entidade o ordenava assassinar. Berkowitz disse que uma vez tentou matar o animal mas fracassou por interferências sobrenaturais.


Em 12 de junho de 1978, o assassino foi condenado a cumprir pena na prisão por seis homicídios, ou 365 anos. Em 1979 sofreu um atentado à faca na prisão e se recusou a identificar o agressor mas sugeriu que o culto estava por trás. Ele ficou com uma cicatriz na garganta e em 1987 se reconverteu ao Cristianismo. Desde então ele tenta conseguir liberdade condicional. Em seu perfil psicológico foi descrito como um neurótico e provavelmente paranoico e esquizofrênico, que acreditava ser vítima de possessão demoníaca.

 

O assassino em série "Filho de Sam", que levou pânico a Nova York em 1977, teve seu primeiro pedido de liberdade condicional negado, em 2002, depois de cumprir 25 anos de prisão. Berkowitz é considerado um preso exemplar, mas só ele tinha esperanças de conseguir ser libertado. "Em sua entrevista, você demonstrou compreensão limitada da motivação de seu comportamento criminoso", diz a carta que notifica o preso de que o pedido foi negado.

 

Acompanhe agora um documentário sobre esse assassino que atormentou Nova York por muito tempo.



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