Durante
anos, os cientistas estiveram intrigados com as misteriosas "pedras que
andam" em uma região remota do Vale da Morte. O Vale fica em uma depressão
árida no Deserto de Mojave, na Califórnia (EUA), e se estende por
aproximadamente 225 quilômetros próximo à fronteira com o estado de Nevada.
Depois de décadas de teorias e tentativas de
resolver o mistério das pedras caminhantes do Vale da Morte, um trio de
cientistas finalmente consegui gravar o processo em vídeo.
O estudo começou há alguns anos, quando dois
deles (um biólogo e um engenheiro) transportaram alguns equipamentos até
Racetrack Playa, um lago seco onde as pedras famosas são encontradas. Mas,
nesse primeiro estudo de 2011, nada aconteceu. Depois que outro cientista se
uniu a eles e as condições climáticas na região favoreceram entre o final de
2013 e o início de 2014, as coisas começaram a mudar.
Rastros Intrigantes
As pedras de dolomita
preta parecem se mover por conta própria, deslizando através do leito plano da
lagoa seca. Os estranhos rastros deixados por elas são a única evidência de que
as rochas se movem. Mas nunca ninguém presenciou seus movimentos.
Na falta de evidência
direta, várias teorias foram tecidas para explicar o que acontecia,
relacionando o fenômeno com o campo magnético da Terra, ventos fortes ou mesmo
algas escorregadias. Agora, com o vídeo em time-lapse, produzido com imagens
registradas das rochas, o mistério foi finalmente resolvido. Confira abaixo.
Os cientistas revelaram,
no estudo divulgado no PLOS One, que
placas irregulares de gelo fino, assemelhando-se painéis de vidro quebrado,
fazem com que as rochas deslizem em todo o lago inundado (algo que é raro, mas
pode acontecer em alguns invernos). De acordo com eles, impulsionadas pelos
ventos suaves, as rochas parecem um hidroavião que desliza na superfície de
lama gelada.
"É um fenômeno
maravilhoso. Lagoas como essas são muito raras no Vale da Morte e pode levar
uma década para acontecer eventos de chuva ou neve bastante pesados para criar
uma lagoa substancial”, disse o principal autor do estudo Richard Norris,
paleobiólogo da Scripps Institution of Oceanography em San Diego.
O Gelo Fino
Muitas teorias já diziam
que o movimento das rochas tinha relação com vento, água e gelo em camadas
grossas, mas nenhuma havia citado o gelo fino.
"Eu tenho que
confessar que fiquei surpreso. Eu realmente esperava que a flutuação fosse uma
exigência, mas claramente não era. O gelo era muito mais fino do que eu pensava
ser necessário. Foi incrível ver o processo realmente acontecer", disse o
coautor Ralph Lorenz, um cientista planetário do Laboratório de Física Aplicada
da Johns Hopkins University, em Baltimore.
O lago, que geralmente é
seco, ocasionalmente inunda no inverno, com chuva ou neve derretida. Como ele
fica a cerca de 1,1 mil metros acima do nível do mar, sendo rodeado por montanhas,
as temperaturas noturnas podem cair abaixo de zero. Com isso, os lençóis do
lago temporário ganham uma camada de gelo fino ou ele pode congelar ainda mais
solidamente em algumas ocasiões.
Uma rara combinação de
água e gelo promove o movimento das pedras, disseram os pesquisadores. Para
isso acontecer, o gelo da superfície deve ser fino do tipo "vidro",
mas forte o suficiente para quebrar em grandes painéis para direcionar as
rochas.
Por fim, as noites
geladas devem ser seguidas por dias ensolarados, com ventos fracos, que quebram
o gelo, gerando o movimento das pedras. Depois que o solo seca novamente na
primavera e verão, os rastros continuam por lá.
No Momento Certo!
Com o trabalho de
pesquisa, o trio — formado por Ralph Lorenz, Richard Norris e seu irmão, Jim, o
engenheiro da turma — conseguiu finalmente achar a resposta do enigma. Uma
série de tempestades de inverno criou as condições perfeitas de dezembro 2013 a
fevereiro de 2014, quando as imagens foram registradas. Centenas de rochas se
arrastaram cinco vezes em 10 semanas.
"Basicamente, as
pedras se movem cerca de um minuto em um milhão de minutos. Você tem que estar
lá na hora certa e no momento certo. Eu sei que existem pessoas que gostam do
mistério e provavelmente ficarão um pouco desapontadas que nós resolvemos isso.
Mas é um processo fascinante e eu espero que haja mais a ser descoberto",
disse Norris.
Fonte: MegaCurioso
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