Muitos jamais vão acreditar que não existe um Bode na Maçonaria, muito menos o sacrifício deles, em
“Rituais Satânicos”, que alguns ainda acreditam que ocorre lá dentro. A verdade
é que, tentar explicar as origens do “bode na maçonaria”, para quem já acredita
nas histórias absurdas sobre a Ordem, provavelmente será uma tentativa infrutífera
– afinal, acreditar nesses absurdos já demonstra o mínimo de discernimento.
Bem, vou
começar contando a verdade, de uma vez. Nem os maçons entraram em um acordo
ainda sobre de onde surgiu a lenda do “bode na maçonaria” – apesar de haver um
caminho bem mais provável do que os demais. No entanto, antes de mais nada,
vamos falar das lendas defendidas pelos autores maçons.
Lendas do Bode
O Maçon
Raul Silva conta que, na Europa, quando os maçons foram caçados pela inquisição
(como aconteceu na época de Napoleão) os maçons tinham que se reunir,
secretamente, na casa de um de seus membros (e cada vez a reunião ocorria em um
lugar diferente).
Mas, se
era em um lugar diferente, como saber onde seria?
Simples.
Um Irmão passearia com um bode, pela cidade, sendo esse o sinal de que a
reunião ocorreria em sua casa.
É uma
história interessante, mas acontece que isso é apenas uma lenda, que o próprio
autor, quando a apresenta, já nos avisa que se trata apenas de uma lenda.
Outra
lenda – porém, muito aceita como verdade – é a do consagrado escritor José
Castellani, que nos conta que essa denominação (dos maçons serem chamados de
“bode”) vem dos maçons que eram torturados e não entregavam seus irmãos. Eles
“eram como Bodes”.
Mas o que
os “bodes” tem haver com isso?
Castellani
conta que, no começo do Cristianismo, havia a prática da “expiação dos
pecados”, por parte dos Judeus, através dos Bodes. Eles relatavam suas “falhas”
aos bodes, para dividir o fardo e, ainda sim, ter seus segredos guardados.
Ele
também nos conta que foi desse ato que surgiu a ideia de confissão, na Igreja
Católica, onde o cristão conta seus pecados ao padre – mas que este, pelos
votos, tem a obrigação de não contar a ninguém.
Acontece
que esta também é uma lenda, e não temos nada que comprove a veracidade desse
relato.
A versão mais
provável
Nicola
Aslan, que é outro grande expoente da Ordem, afirma que a lenda só começou
devido a associação da Maçonaria ao Baphomet (e essa é a versão mais próxima da
verdade, hoje em dia).
O
Baphomet era um símbolo Templário e foi associado à Maçonaria devido ao
sensacionalista Léo Táxil que, em um de seus livros, relatava uma série de
absurdos sobre a relação deste Ser, com a Ordem. Ele havia iniciado na
Maçonaria, de fato, mas não há relatos de que ele tenha ido além do Grau 1.
A obra
fez muito sucesso e foi creditada como verdade – tanto pela Igreja como pelos
demais religiosos. No entanto, não demorou muito para que o próprio Táxil
desmentisse essa história toda e contasse que a obra não era verdadeira –
porém, a semente já estava plantada.
É claro
que, na época, os cristãos diziam que Táxil estava com medo dos Maçons e, por
isso, disse tudo isso. Mas era apenas uma tentativa da Igreja de não parecer
tão ingênua por ter acreditado em tudo aquilo.
Táxil
chegou a responder à Igreja: “Vocês realmente acharam que eu havia me
convertido ao cristianismo?”
Infelizmente,
mesmo com tudo isso, Leo Táxil é, até hoje, defendido como verdade por muitos
religiosos que entendem tanto de maçonaria quanto entendem da própria religião.
Particularmente,
eu bem gostaria que houvesse um Grau que explorasse o Baphomet – que é um
símbolo fantástico. Certamente seria muito rico para a Ordem.
Mas até é
possível que tenha. Tantos ritos foram perdidos que é bem provável que exista
um que o contemple.
Mas o que era o
Baphomet?
Acredita-se
que ele tenha tido ligação com os Templários porque alguns de seus cavaleiros
confirmaram – nas torturas de Felipe, o Belo – terem prestado reverência a um
símbolo cuja as descrições eram semelhantes aos do Baphomet (mas nunca ficou
claro ao que exatamente eles estavam se referindo) e, por serem encontradas
supostas referências ao mesmo nas suas construções.
Nas
construções góticas Templárias, em que podem ser identificadas algumas imagens
que se relacionariam diretamente com a descrição de Baphomet, eles são,
aparentemente, tomados por gárgulas. Porém, se analisarmos bem, podemos ver que
seus símbolos são referentes ao mesmo. As figuras mais famosas estão nas
construções da Comendadoria Saint-Bris-Le-Vineux e da Igreja de Saint-Merry.
Entretanto, a imagem mais conhecida de Baphomet foi feita pelo escritor e
martinista Eliphas Levi, no século XIX.
Não havia
uma imagem padronizada do Baphomet, na época. Ele geralmente era parecido com
um Gárgula de chifres. Sendo que alguns tinham mais elementos que os outros –
mas nunca perdendo seu objetivo de apresentar as bases Alquímicas.
Para
facilitar o estudo utilizarei (para a explicação) o Baphomet de Eliphas Levi.
Os Símbolos de Baphomet
É muito
comum, nas imagens Alquímicas, a representação dos 4 Elementos – e,
com Baphomet, não é diferente. Temos a “tocha” na cabeça do Baphomet,
representando o elemento Fogo. As “escamas” em seu corpo, representando o
elemento Água. Suas “asas”, representando o elemento Ar. E, por fim,
suas “patas de bode” que representam o elemento Terra.
O “cubo”
(ou o quadrado), que ele está em cima, tem como simbolismo
a Matéria (ou o físico). Representando aí o domínio sobre a matéria
(sobre o plano físico).
O
Pentagrama na testa de Baphomet representa a Magia ou o “Homem
Perfeito”. Esses dois sentidos estão ligados, entre si, quando levamos em
consideração o significado da palavra “magia”.
O termo
se origina na Língua Persa, “magi” ou “magus”, que significa Sábio. Os
considerados sábios (os homens perfeitos), no mundo persa, foram aqueles que
eram capazes de traduzir os mistérios da natureza e sua relação direta com o
Homem. Daí a relação da Magia com o Homem Perfeito.
Nos
braços de Baphomet temos escrito os termos “Solve” (o braço direito, que aponta
para cima) e “Coagula” (no braço esquerdo, que aponta para baixo). O Solve
significa dissolver o Agente Mágico, e o Coagula significa coagular esse
“agente” no plano físico.
Eliphas
Levi defendia a ideia de que se podiam materializar todos os pensamentos
do Plano Mental (que seria o plano dos pensamentos e das ideias)
no Plano Astral (que seria o plano das energias e das emoções). Seria
basicamente dizer que é possível, em nosso mundo, conseguir o que se deseja
apenas com a “força do pensamento”. Essa ideia é amplamente aceita nas
diversas correntes místico-ocultistas e se tornou mais conhecida devido a
ocultistas como Aleister Crowley. Hoje em dia, a mesma ideia é exposta (de
forma superficial) no livro “O Segredo”. A posição dos braços representa o
axioma Hermético que diz: “tudo que está em cima é como tudo que está em
baixo”.
Outra
representação muito comum (em símbolos alquímicos) é a do “masculino e
feminino”. Nele encontramos tanto o falo masculino, que na imagem de Baphomet,
é o Caduceu de Hermes, representando a Kundalini (a força produzida
pela junção das energias dos chackras masculinos com os chackras femininos),
como também encontramos os seios femininos, representando a fertilidade e a
maternidade.
Encontra-se
também uma cabeça com características de três animais (o cão, o touro e o
bode). E não é a única imagem que contém uma cabeça que represente diversas
características em uma só.
Fonte: Sedentário
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