Darfur é uma região do
Sudão Africano que tem cerca de 5,5 milhões de habitantes, e está em uma
região com baixo nível de desenvolvimento:
apenas 15% das crianças do sexo masculino - e 10% do feminino - frequentam a
escola. Três etnias são predominantes na região: os fur (que emprestam o nome à região), os masalit e
os zaghawa, em geral são muçulmanos da localidade ou seguidores de outras
religiões da África Sub-Saariana.
O Sudão tem uma história de conflitos entre o sul e
o norte do país, que resultaram na primeira (1955-1972) e na
segunda (1983-2005) guerras
civis sudanesas.
A segunda confrontação causou cerca de dois milhões de mortos e mais de um
milhão de refugiados, em ambos os casos principalmente no sul.
ANTECEDENTES
O conflito
de Darfur é um conflito armado em andamento na região de Darfur, no oeste
do Sudão, que
opõe principalmente os janjawid - milicianos recrutados entre os baggara, tribos nômades africanas de língua árabe e religião muçulmana - e os povos não-árabes da área. O governo
sudanês, embora negue publicamente que apoia os janjawid, tem fornecido armas e
assistência e tem participado de ataques conjuntos o grupo miliciano. O
conflito iniciou-se, oficialmente, em fevereiro de 2003, com o ataque de grupos rebeldes do Darfur
a postos do governo sudanês na região, mas suas origens remontam a décadas de
abandono e descaso do governo de Cartum, eminentemente árabe, para com as
populações que vivem neste território.
As
mortes causadas pelo conflito são estimadas entre 50 000 (Organização
Mundial da Saúde, setembro de 2004) e 450 000 (Dr. Eric Reeves, 28 de abril de 2006). A maioria das ONGs trabalha
com a estimativa de 400 000 mortes. O número de pessoas obrigadas a deixar seus
lares é estimado em 2 000 000. A mídia vem descrevendo o conflito como um caso
de "limpeza étnica"
e de "genocídio".
O governo dos EUA também
o considera genocídio, embora as Nações Unidas ainda não o tenham feito, pois a China,
grande parceira comercial do governo sudanês, defende o país em todos os fóruns
internacionais que abordam o tema. Algumas propostas de intervenção militar
internacional realizadas na ONU não foram aprovadas por veto deste país.
Quando
os combates se intensificaram em julho e agosto de 2006, no entanto, o Conselho de Segurança das Nações Unidas provou a Resolução
1706, de 31 de agosto de 2006, que prevê o envio de uma nova força de manutenção da paz da ONU, composta de 20 000 homens, para trabalhar em conjunto com as
tropas da União Africana presentes no local, que contam com cerca de
7000 soldados. O Sudão opôs-se à Resolução e, no dia seguinte, lançou uma
grande ofensiva militar na região.
Diferentemente
da Segunda Guerra Civil Sudanesa, que opôs o norte muçulmano ao sul cristão e animista, em
Darfur não se trata de um conflito entre muçulmanos e não muçulmanos pois a
maioria da população é muçulmana, inclusive os janjawid. Trata-se de um
conflito étnico-cultural, que iniciou-se por motivos políticos, e ganhou
contornos raciais ao longo dos últimos anos. Promovido por forças militares,
hoje muitas vezes uma célula de poder independente, e impulsionado por
interesses econômicos, como o fortalecimento das relações comerciais com outros
países.
AS CAUSAS DO CONFLITO
A
combinação de décadas de secas, desertificação e superpopulação estão entre as causas do conflito de
Darfur, onde os nômades árabes Baggara, em procura por água, levam seu rebanho
para o sul, uma terra ocupada predominantemente por comunidades agrárias.
Existem
muitas casualidades: estimativas geralmente convergem entre centenas de
milhares de pessoas. As Nações Unidas estimam que o conflito deixou em torno de
300 000 mortos da violência e doenças. O Museu em Memória ao Holocausto dos
Estados Unidos estima que 100 000 morrem todos os anos graças aos ataques
do governo. A maioria das ONGs estimam
de 200 000 para 500 000, o último é uma estimativa da Coalizão Internacional
pela Justiça. Aproximadamente 2.5 milhões de pessoas
foram deslocadas até Outubro de 2006.
O
governo sudanês tem sido acusado de suprimir informações prendendo e matando
testemunhas desde 2004, além de destruir vestígios para eliminar seu valor como
prova. O governo sudanês, por obstruir e prender
jornalistas, tem sido capaz de esconder os acontecimentos. Enquanto o governo dos Estados Unidos tem descrito o conflito como genocídio, as Nações Unidas continuamente não tem mostrado suporte para
esta designação . Em março de 2007, uma missão das Nações
Unidas acusou o governo do Sudão de orquestrar e tomar parte de "graves
violações" em Darfur, e clamou por uma ação internacional urgente para
proteger os civis.
Após os
conflitos terem cessado em julho e agosto, em 31 de agosto de 2006 o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a resolução 1706, que atribuiu mais
20 600 tropas de paz, as UNAMID (African Union - United Nations
Hybrid Operation in Darfur) para complementar as 7 000 tropas da União Africana, que
sofrem de graves problemas de fundos e falta de equipamentos. O Sudão foi
veementemente contra a resolução, e declarou que trataria as forças da Nações
Unidas na região como invasores estrangeiros. No dia seguinte, o governo do
Sudão lançou uma grande ofensiva na região.
Em 14
de julho de 2008, procuradores da Corte
Penal Internacional processaram
o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, por
dez crimes de guerra, três
processos por genocídio, cinco crimes
contra a humanidade e dois homicídios. Os
procuradores argumentaram que al-Bashir "planejou e implementou um plano
para destruir em parte substancial" três grupos tribais de Darfur por
conta de sua designação étnica. Em março de 2009, o Tribunal
Penal Internacional emitiu
um mandado de prisão contra o presidente Omar Hassan
al-Bashir, por crimes
contra a humanidade e crimes de guerra em Darfur.
O CONFLITO
Em 2003, dois grupos armados da região de Darfur rebelaram-se contra o governo central sudanês, pro-árabe. O
Movimento de Justiça e Igualdade e o Exército de Libertação Sudanesa (SLA, na
sigla em inglês)
acusaram o governo de oprimir os não-árabes em favor dos árabes do país e de
negligenciar a região de Darfur.
Em
reação, o governo lançou uma campanha de bombardeios aéreos contra localidades
darfurianas em apoio a ataques por terra efetuados por uma milícia árabe, os janjawid.
Estes últimos são acusados de cometer grandes violações dos direitos humanos, como
assassinatos em massa, saques, destruição de povoados e o estupro sistemático
da população não-árabe de Darfur. Os janjawid também praticam o incêndio de
vilarejos inteiros, forçando os sobreviventes a fugir para campos de refugiados
localizados a Oeste de Darfur e no Chade; muitos dos campos darfurianos
encontram-se cercados por forças janjawid. Até meados de 2006, entre 150 000 e 200 000 pessoas haviam
sido mortas e pelo menos dois milhões haviam fugido, provocando uma grave crise
humanitária na região.
Em
setembro de 2004, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou a Resolução no. 1564, que
estabeleceu uma comissão de inquérito em Darfur para avaliar o conflito. Em
janeiro de 2005, a ONU divulgou
um relatório afirmando que embora tenha havido assassinatos em massa e
estupros, aquela organização
internacional não
estava em condições de classificá-los como genocídio,
devido a "uma aparente falta de intenção genocida" (tradução livre do
inglês) e um forte lobby do governo chinês.
Em maio
de 2006, o Exército de Libertação Sudanesa, principal grupo rebelde, concordou
com uma proposta de acordo de paz com o governo. O acordo, preparado em Abuja,Nigéria,
foi assinado com a facção do Movimento liderada por Minni Minnawi. No entanto,
o acordo foi rechaçado tanto pelo Movimento Justiça e Igualdade como por uma
facção rival do próprio Exército de Liberação Sudanesa, dirigida por Abdul
Wahid Mohamed el Nur.
Os
principais pontos do acordo eram o desarmamento das milícias janjawid e a
incorporação dos efetivos dos grupos rebeldes ao exército sudanês. Apesar do
acordo, os combates continuaram.
Muitos
dos grupos militares atuando no Sudão passaram a exercer um poder autônomo, sem
responder necessariamente aos grupos dos quais se originaram, o que gera uma
falácia de poder e milícias que combatem para defender seus próprios interesses
mais imediatos, e não políticas mais abrangentes, relativas ao território de
Darfur como um todo.
SEQUESTROS
Ao
longo de 2009, Darfur foi palco de inúmeros sequestros - a maior parte deles para pedir resgate.
As agências humanitárias enfrentam hostilidade crescente, desde que oTribunal
Penal Internacional emitiu
mandado de prisão contra o presidente Omar Hassan al-Bashir, por crimes de
guerra. Em
outubro dois trabalhadores da organização humanitária irlandesa Goal foram
libertados depois de passarem mais de 100 dias no cativeiro. Dois soldados da
paz da União Africana ainda são mantidos reféns.
Em 22 de outubro homens armados sequestraram um funcionário
francês do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Gauthier Lefévre, que
estava em um veículo com clara identificação da Cruz Vermelha, na fronteira com o Chade.
Lefèvre passou 147 dias em cativeiro, sendo libertado em 18 de março de 2010.
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