A
lei é uma das formas de obtenção de justiça após a ocorrência de um genocídio.
Quando a Segunda Guerra Mundial teve fim, cortes judiciais estrangeiras e
nacionais efetuaram julgamentos de acusados de crimes de guerra. No início do
inverno de 1942 os governos das forças Aliadas anunciaram sua decisão de punir
os criminosos de guerra do Eixo. Em 17 de dezembro de 1942, os líderes dos
Estados Unidos, Grã-Bretanha e União Soviética emitiram a primeira declaração
conjunta registrando oficialmente o assassinato em massa de judeus europeus e
informando sua decisão de processar os responsáveis por crimes contra
populações civis.
Assinada
pelos ministros das relações exteriores dos governos dos Estados Unidos, Reino
Unido e União Soviética em outubro de 1943, a Declaração de Moscou dizia que
durante o tempo de duração de qualquer armistício as pessoas consideradas
responsáveis por crimes de guerra deveriam ser devolvidas aos países nos quais
os crimes haviam sido cometidos, onde seriam julgadas de acordo com as leis da
nação em questão. Os “grandes” criminosos de guerra, cujos crimes não poderiam
ser atribuídos a nenhuma área geográfica específica, seriam punidos de acordo
com decisões conjuntas dos governos Aliados. Após a Guerra, os julgamentos dos
principais oficiais alemães perante o Tribunal Militar Internacional (TMI), o
mais conhecido dos tribunais que julgavam crimes de guerra, aconteceram em
Nuremberg, na Alemanha, perante juízes que representavam as forças Aliadas.
Entre
18 de outubro de 1945 e 1º de outubro de 1946, o TMI julgou 22
"grandes" criminosos de guerra sob acusações de crimes contra a paz,
crimes de guerra e crimes contra a humanidade, além de terem conspirado para
cometê-los. O TMI definiu crimes contra a humanidade como "assassinato,
extermínio, escravidão, deportação ou perseguições com bases políticas, raciais
ou religiosas". Doze destes condenados foram sentenciados à morte, dentre
eles, o marechal do Reich Hermann Göring, Hans Frank, Alfred Rosenberg e Julius
Streicher. O TMI sentenciou três réus à prisão perpétua e quatro deles a
períodos de prisão que variavam entre 10 e 20 anos. O tribunal absolveu três dos
acusados.
Sob
a égide do TMI os tribunais militares norte-americanos em Nuremberg conduziram
outros 12 julgamentos de oficiais alemães de alta patente. Estes julgamentos
são, em geral, denominados pelo termo coletivo Processos Subseqüentes de
Nuremberg. Entre dezembro de 1946 e abril de 1949, os promotores
norte—americanos levaram ao Tribunal 177 pessoas e obtiveram a condenação de 97
réus, entre eles médicos famosos, membros das Einsatzgruppen(Unidades
Móveis de Extermínio) e da administração da justiça alemã, do Ministério das
Relações Exteriores, e do Alto Comando, bem como industriais proeminentes que
se serviram do regime nazista.
A
esmagadora maioria dos julgamentos de crimes de guerra após 1945 envolveu
oficiais de baixa patente e funcionários. Nos primeiros anos do pós-guerra as
quatro forças Aliadas-- Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética
– que ocuparam a Alemanha e a Áustria, levaram aos tribunais e condenaram, em
suas respectivas zonas de ocupação, um grande número de criminosos por crimes
durante a Guerra. Muitos dos primeiros julgamentos nas áreas ocupadas,
principalmente naquela controlado pelos Estados Unidos, referiam-se a
assassinatos de militares das forças Aliadas que haviam sido capturados e
assassinados pelas tropas alemãs ou de outros países do Eixo. Com o tempo, no
entanto, os Aliados estenderam seus mandatos jurídicos para julgar guardas,
comandantes e outros funcionários dos campos de concentração que haviam
cometido crimes contra os judeus e outros grupos que também haviam sofrido
perseguição nas áreas que, naquele momento, estavam ocupadas pelos Aliados.
Grande parte do nosso conhecimento inicial sobre o sistema de campo de
concentração alemão vem das provas apresentadas e dos depoimentos das
testemunhas nestes julgamentos.
Os
oficiais de ocupação Aliados estavam interessados em uma des-nazificação da
Alemanha, e viam a reconstrução do sistema judiciário alemão como um passo
importante naquela direção. A Lei nº 10 do Conselho de Controle dos Aliados, de
dezembro de 194, autorizava os tribunais de justiça alemães a proferirem
sentenças sobre crimes cometidos durante os anos de Guerra por cidadãos alemães
contra seus concidadãos ou contra apátridas. Por esta razão, os oficiais de
ocupação deixaram os crimes de eutanásia – nos quais as vítimas e os criminosos
eram, em sua maioria, cidadãos alemães – para serem julgados pelos tribunais
alemães que haviam sido ressurgido. Aqueles processos representaram os primeiros
julgamentos nacionais alemães do período pós-Guerra. A República Federal da
Alemanha (Alemanha Ocidental) e a República Democrática Alemã (ex Alemanha
Oriental) continuaram a realizar julgamentos de réus da época do nazismo nas
décadas seguintes ao seu estabelecimento como estados independentes. Até hoje,
a República Federal Alemã (desde o período em que era denominada Alemanha
Ocidental até o presente) já realizou um total de 925 julgamentos de réus que
cometeram crimes na época nacional-socialista (nazista). Muitos críticos
afirmavam que os julgamentos alemães, principalmente aqueles realizados nas
décadas de 1960 e 1970, distribuíam absolvições ou sentenças leves para réus
mais velhos ou para acusados que alegavam cumprir ordens superiores.
Muitas
nações que foram ocupadas pela Alemanha durante a Segunda Guerra, ou que
colaboraram com os alemães na perseguição às populações civis, principalmente
aos judeus, também realizaram julgamentos nacionais nos anos posteriores à
Segunda Guerra. A Polônia, a antiga Tchecoslováquia, a ex União Soviética, a
Hungria, a Romênia, e a França, entre outros, julgaram milhares de réus, tanto
alemães quanto colaboradores nativos, nas décadas posteriores a 1945. A União
Soviética realizou seu primeiro julgamento, o Julgamento de Krasnodar, contra
colaboradores nativos em 1943, muito antes do fim da Segunda Guerra. Talvez o
mais famoso julgamento nacional pós-guerra na Polônia tenha acontecido em 1947
na cidade da Cracóvia, cujos tribunais julgaram diversos funcionários do campo
de concentração de Auschwitz, sentenciando seu comandante, Rudolf Höss, e a
outros assassinos à morte. Um dos julgamentos nacionais mais famosos teve lugar
em Jerusalém: o julgamento de Adolf Eichmann, principal arquiteto da deportação
dos judeus europeus, perante um tribunal israelense, em 1961; o acontecimento
chamou a atenção mundial e acredita-se que tenha despertado o interesse de uma
nova geração pós-guerra sobre os crimes do Holocausto
Infelizmente,
muitos perpetradores da criminalidade nazista nunca foram julgados ou punidos.
Em muitos casos, os perpetradores alemães dos crimes nazistas fugiram ou
simplesmente voltaram às suas vidas e profissões normais na sociedade alemã. A
perseguição aos criminosos de guerra alemães e de outros países do Eixo continua
ainda hoje.
Fonte: Enciclopédia do Holocausto
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