JFK apelou à
redução da máquina de guerra americana e ao fim da guerra no Vietnam. Lyndon B. Johnson e
o FBI emboscaram JFK na Deeley Plaza no Texas. Pessoas por todo o planeta
ficaram horrorizadas com o assassinato de JFK. Um homem inocente chamado Lee
Harvey Oswald foi culpado do assassinato. Depois de ter sido espancado e
torturado, Lee Harvey continuava aclamar a sua inocência...
...nunca teve permissão de acesso a um
advogado. O FBI tentou encobrir o seu envolvimento no
assassinato permitiram que Jack
Ruby assassinasse Oswall ao vivo para
as câmaras. O relatório da Comissão Warren
afirmava que Lee Harvey era culpado Alguns dos membros da Comissão
Warren eram Maçons proeminentes. Lyndon
B. Johnson dá por encerrada a investigação
ao assassinato de JFK. Robert Kennedy concorre a Presidente prometendo terminar
com a guerra no Vietnam (Lyndon Johnson, em 1968, já tinha enviado mais de 500
mil soldados). Ele também é assasinado. Milhões de pessoas choraram morte de
Robert Kennedy e choraram a morte da democracia americana. 1967: Anthony Hilder
desmascara a rede das sociedades secretas americanas. Anthony Hilder é falsamente acusado de hipnotizar Sirhan Sirhan,
que assassinou Bobby Kennedy. Segundo o dono de uma loja de carros “Albert Guy
Bogard”, Oswald esteve em sua loja uns dias antes do assassinado do presidente
JFK. Depois de dizer ao dono da loja de carros que iria matar o presidente,
saiu dirigindo o carro feito um louco. FATO INTERESSANTE: Oswald
não sabia dirigir e dias depois o dono da loja foi encontrado morto.
Em seu livro “Brothers”, o escritor
norte-americano David Talbot relata investigações de Bob
Kennedy sobre a participação da CIA junto com o “submundo de Miami de espiões,
gangsteres e militantes cubanos” no assassinato de seu irmão. No artigo de
Talbot, publicado no seu site salon.com, o autor destaca: “crescentes evidências
comprovam que ele estava na trilha certa antes de também ser assassinado”
Um dos mais intrigantes mistérios sobre
o assassinato de John F. Kennedy, o mais escuro dos labirintos americanos, é
porque seu irmão Robert F. Kennedy aparentemente não fez nada para investigar o
crime. Bobby Kennedy era, afinal, não apenas o secretário de Justiça dos
Estados Unidos no momento do assassinato – ele era o parceiro mais devotado de
seu irmão, o homem que recebeu as incumbências mais duras do governo, dos
direitos civis ao crime organizado e Cuba, o mais quente ponto nevrálgico da
Guerra Fria de então. Mas depois que os tiros no centro de Dallas em 22 de
novembro de 1963 encerraram essa parceria única, Bobby Kennedy parecia perdido
na perplexidade e luto, recusando-se a discutir o assassinato com a Comissão
Warren e dizendo aos amigos que não tinha ânimo para uma investigação
agressiva. “Que diferença isso faz?”, ele dizia. “Isso não o trará de
volta”.
Mas Bobby Kennedy era um homem
complexo, e seus anos em Washington o tinham ensinado a manter seu próprio
escrutínio e a proceder de um modo subterrâneo. O que ele disse em público
sobre Dallas não era a história completa. Privadamente, RFK – que tinha
construído sua reputação nos anos 50 como um incansável investigador dos porões
do poder americano – estava consumido pela necessidade de saber a verdadeira
história sobre o assassinato de seu irmão. Este fervor o tomou na tarde de 22
de novembro, assim que o chefe do FBI J.Edgar Hoover, um implacável
inimigo político, lhe telefonou para dizer – quase com prazer, pensou Bobby –
que o presidente havia sido baleado. E a questão de quem matou seu irmão
continuou a perseguir Kennedy até o dia que também ele foi abatido a tiros, em
5 de junho de 1968.
Por causa de seu pendor para operar em
segredo, JFK não deixou um registro documentado de suas inquirições sobre o
assassinato de seu irmão. Mas é possível retraçar sua trilha investigativa,
começando na tarde de 22 de novembro, quando ele freneticamente fez telefonemas
de Hickory Hill – sua mansão da era da guerra civil em McLean,
Virginia – e convocou assessores e autoridades do governo para sua casa. Ligado
pela claridade do choque e a eletricidade da adrenalina, Bobby Kennedy
reconstruiu as linhas mestras do crime nesse dia – um crime, ele imediatamente
concluiu, que ia muito além de Lee Harvey Oswald, o ex-marine de 24 anos preso
pouco depois do assassinato.
Robert Kennedy foi o primeiro teórico da
conspiração de assassinato [de JFK] da América. As fontes da CIA começaram a
disseminar sua própria visão conspiratória do assassinato de Kennedy horas após
o crime, enfocando a defecção de Oswald para a União Soviética e seu apoio
público a Fidel Castro. Em Nova Orleans, uma organização de notícias
anti-Castro divulgou uma gravação de Oswald defendendo o ditador barbudo. Em
Miami, o Diretório dos Estudantes Cubanos – um grupo de exilados financiado
secretamente por um programa da CIA de codinome Amspell – disse a repórteres
sobre as conexões de Oswald com o Comitê por uma Relação Justa com Cuba,
pró-Castro. Mas Robert Kennedy nunca acreditou que o assassinato fosse um
complô comunista. Ao invés disso, ele olhou na direção oposta, focando suas
suspeitas nas operações ocultas da CIA anti-Castro, um submundo obscuro que ele
havia navegado como o ponta-de-lança de seu irmão quanto a Cuba. Ironicamente,
as suspeitas eram compartilhadas pelo próprio Castro, a quem ele tinha buscado
derrubar durante a presidência de Kennedy.
O que estava determinado é que o
secretário de Justiça estaria no comando da guerra clandestina contra Castro –
outra desgastante tarefa que JFK lhe deu, após a desastrosa performan-ce da
agência de espionagem na Baía dos Porcos em abril de 1961. Mas conforme ele
tentou estabelecer controle sobre as operações da CIA e juntar os turbulentos
grupos de exilados cubanos numa frente progressista unificada, Bobby aprendeu
que o mundo anti-Castro era um pântano de intrigas. Trabalhando a partir de uma
ampla estação da CIA em Miami de nome em código de JM/WAVE, que era
a segunda maior depois do QG em Langley na Virgínia, a agência
havia recrutado um exército ilegal de militantes cubanos para lançar ataques contra
a ilha e até mesmo contratou pistoleiros da Máfia para assassinar Castro –
inclusive chefões como Johny Rosseli, Santo Trafficante e Sam
Giancana, a quem, como chefe do Comitê do Senado sobre o sindicalismo
amarelo no final dos anos 50, tinha investigado. Era um superaquecido
ecossistema que estava unido não apenas por sua febril oposição ao regime de
Castro, mas também pelo seu ódio pelos Kennedys, que eram vistos como traidores
por falhar em usar o poderio militar total dos Estados Unidos contra o posto
avançado comunista no Caribe.
O submundo de Miami
É nesse submundo de Miami de espiões,
gângsteres e militantes cubanos que Robert Kennedy imediatamente lança suas
suspeitas em 22 de novembro. Nos anos que se seguiram ao assassinato do próprio
Robert Kennedy, um impressionante corpo de evidências se acumulou que indica
porque Kennedy se sentiu compelido a olhar nessa direção. As evidências –
testemunhos ao congresso, documentos governamentais desclassificados, mesmo
confissões veladas – continuam a emergir até a data mais recente, embora
largamente não noticiadas. A mais recente revelação veio de um espião
legendário, E. Howard Hunt, antes de sua morte em janeiro. Hunt
ofereceu o que pode ser o último testamento sobre o assassinato de JFK por
alguém com conhecimento direto do crime. Em suas memórias póstumas publicadas
recentemente, o espião americano Hunt especula que a CIA poderia ter estado
envolvida no assassinato de Kennedy. E em anotações manuscritas e uma fita
gravada que ele deixou, o espião foi mais longe, revelando ter sido convidado
em 1963 para uma reunião em um esconderijo da CIA em Miami, em que um complô de
assassinato foi discutido.
Bobby Kennedy sabia que ele e seu irmão
tinham feito inimigos políticos além da conta. Mas nenhum era mais virulento do
que o homem que trabalhou na operação da Baía dos Porcos e que acreditava que o
presidente os havia apunhalado pelas costas, se recusando a salvar – e
condenando a operação -, com o envio da Força Aérea dos EUA e dos Marines. Mais
tarde, quando o presidente Kennedy encerrou a Crises dos Mísseis de Outubro de
1962 de Cuba sem invadir Cuba, esses homens viram não um estadista, mas outra
crise de nervos. Na Miami cubana, eles falavam de la seconda derrota, a segunda
derrota. Esses sentimentos anti-Kennedy, às vezes vociferados acaloradamente na
cara de Bobby, ressoavam entre os parceiros da CIA na guerra secreta contra
Castro – os chefões da Máfia que há muito reclamavam suas lucrativas franquias
de jogo e prostituição em Havana, que tinham sido fechadas pela revolução, e
profundamente prejudicados com a guerra sem quartel do Departamento de Justiça
de Kennedy contra o crime organizado. Mas Bobby, o linha-dura que cobria o
flanco direito de seu irmão na questão de Cuba, pensava que ele próprio tinha
se tornado o principal pára-raios de toda essa eletrostática anti-Kennedy.
“Eu pensei que eles me pegariam, ao
invés do presidente”, disse ele ao seu porta-voz do Departamento de
Justiça, Edwin Guthman, conforme andavam de um lado para o outro no quintal de
Hickory Hill na tarde de 22 de novembro. Guthman e outros em volta de Bobby
nesse dia pensaram que “eles” poderiam vir em seguida atrás do Kennedy mais
jovem. Ao que parece, também Bobby. Normalmente oposto a medidas rígidas de
segurança – “os Kennedys não precisam de guarda-costas”, costumava dizer
com a impetuosidade típica – ele permitiu que seus auxiliares chamassem os
agentes federais, que rapidamente cercaram a casa.
Uma chocante irrupção
Entrementes, enquanto Lyndon
Johnson – um homem com quem ele tinha notoriamente um relacionamento
antagônico – voava para o leste de Dallas para assumir os poderes da
presidência, Bobby Kennedy usava sua fugidia autoridade para desentocar a
verdade. Após tomar conhecimento de que seu irmão tinha morrido no Hospital Parkland
Memorial em Dallas, Kennedy telefonou para o QG da CIA, estrada abaixo
em Langley, onde ele frequentemente começava seu dia, parando lá para trabalhar
em questões ligadas a Cuba.
Pondo uma alta autoridade no telefone –
cuja identidade ainda é desconhecida – Kennedy o confrontou numa voz vibrante
de fúria e dor. “Seus esquadrões têm alguma coisa a ver com esse horror?”,
explodiu Kennedy.
Naquele dia mais tarde, RFK convocou o
próprio diretor da CIA, John McCone, para lhe perguntar a mesma
questão. McCone, que tinha substituido o lendário Allen Dulles depois
que o velho mestre da espionagem tinha sido forçado aandar na prancha por conta
da Baía dos Porcos, jurou que sua agência não estava envolvida. Mas Kennedy
sabia que McCone, um rico empresário republicano da Califórnia sem nenhuma
experiência em espionagem, não tinha um firme domínio de todos os aspectos da
atuação da agência. O verdadeiro controle sobre o serviço clandestino girava em
torno do homem número 2, Richard Helms, o astuto burocrata cuja carreira de
espionagem remontava às origens da agência no OSS na II Guerra Mundial. “Era
claro que McCone estava fora do circuito – Dick Helms estava comandando a
agência”, havia comentado recentemente o assessor de RFK, John
Seigenthaler – outro repórter investigativo, como Guthman,
a quem Bobby havia recrutado para sua equipe no Departamento de Justiça. “Qualquer
coisa que McCone descobrisse era por acidente”. Kennedy teve outra
reveladora conversa por telefone na tarde de 22 de novembro. Falando com
Enrique “Ruiz” Williams, um veterano da Baía dos Porcos que era o seu aliado
mais confiável entre os líderes politicos exilados, Bobby chocou seu amigo ao
lhe dizer diretamente, “foi um dos seus caras que fez isso”. O que Kennedy
queria dizer? Por então Oswald tinha sido preso em Dallas. A CIA e seus grupos
clientes anti-Castro estavam sempre tentando ligar o alegado assassino ao regime
de Havana. Mas como os ásperos comentários de Kennedy para Williams deixam
claro, o secretário de Justiça não ia cair nessa. Evidência recente sugere que
Bobby Kennedy tinha ouvido o nome de Lee Harvey Oswald muito antes que explodiu
no mundo inteiro pelos boletins de notícias, e ele ligou isso à guerra
subterrânea contra Castro. Com Oswald preso em Dallas, Kennedy ao que parece
compreendeu que a campanha clandestina contra Castro tinha se voltado, como um
bumerangue, contra seu irmão.
A conexão de Chicago
Naquela tarde, Kennedy mirou a Máfia.
Ele telefonou para Julius Draznin em Chicago, um especialista
do Escritório Nacional de Relações Trabalhistas em corrupção em sindicatos,
pedindo-lhe para procurar por uma possivel relação da máfia em Dallas. Mais
importante, o secretário da Justiça acionou Walter Sheridan, seu
principal investigador do Departamento de Justiça, localizando-o em Nashville,
onde Sheridan estava esperando pelo julgamento do seu nêmesis de muito tempo, o
líder dos caminhoneiros Jimmy Hoffa. Se Kennedy tinha qualquer
dúvida sobre o envolvimento da Máfia na matança de seu irmão, ela rapidamente
desapareceu quando, dois dias após JFK ter sido abatido a tiros, o proprietário
de um grotesco clube noturno, Jack Ruby, abriu seu caminho entre os reporteres
no porão da estação de polícia de Dallas e disparou sua bala fatal contra Lee
Harvey Oswald. Sheridan rapidamente obteve evidências de que Ruby havia sido
pago em Chicago por um colaborador próximo de Hoffa. Sheridan reportou que Ruby
“tinha pego um monte de dinheiro com Allen M. Dorfman,” o conselheiro
chefe de Hoffa no Fundo de Pensões e Empréstimos dos Caminhoneiros e enteado de
Paul Dorfman, o chefão sindical que era o principal vínculo com a máfia de
Chicago. Poucos dias mais tarde, Draznim, o principal homem de Kennedy em
Chicago, conseguiu evidências adicionais sobre o histórico de Ruby como
cobrador da máfia, providenciando um detalhado relatório das atividades de Ruby
de extorsão dos sindicatos e sua propensão pela violência armada. Os registros
telefônicos posteriores de Jack Ruby ligavam-no mais ainda ao caso Kennedy. A
lista dos homens a quem Ruby telefonara por volta da hora do assassinato –
disse RFK mais tarde ao assessor Frank Mankiewicz – era “quase uma cópia do
pessoal que eu chamei para testemunhar perante do Comitê sobre o crime
organizado”.
Mensagem a Moscou
Conforme os membros da família e amigos
íntimos se reuniram na Casa Branca no fim de semana após o assassinato para o
funeral do presidente, um sentimento envolvido num rouco lamento irlandês tomou
conta da mansão executiva. Mas Bobby não participou na dolorosa tradição da
família. Recurvado e sem dormir ao longo do fim de semana, ele meditou sozinho
sobre o assassinato de seu irmão. De acordo com uma narração de Peter Lawford,
o ator e cunhado de Kennedy que estava lá naquele fim de semana, Bobby disse
aos membros da família que JFK tinha sido morto por um complô poderoso que
cresceu em meio às operações secretas anti-Castro do governo. Não havia nada
que eles pudessem fazer naquele ponto, Bobby acrescentou, já que eles estavam
enfrentando um inimigo formidável e eles não mais controlavam o governo. A
Justiça teria de esperar até que os Kennedys pudessem retomar a Casa Branca –
isso se tornou o mantra de RFK nos anos depois de Dallas, sempre que seus
companheiros urgiam que ele falasse sobre o misterioso crime.
Uma semana após o assassinato, Bobby e
a viúva de seu irmão, Jacqueline Kennedy – que compartilhava as suspeitas dele
sobre Dallas – enviaram uma surpreendente mensagem secreta a Moscou através de
um emissário de confiança da família, de nome William Walton. O
discreto e leal Walton “era exatamente a pessoa que você poderia escolher
para uma missão como essa,” observou mais tarde seu amigo Gore Vidal.
Walton,um correspondente de Guerra da revista Time que se reinventou como um
gay boêmio de Georgetown, tinha crescido junto tanto de JFK quanto de Jackie
nos dias tranquilos antes que se mudassem para a Casa Branca. Mais tarde, o
primeiro casal deu-lhe um papel não-pago no governo, indicando-o presidente da Fine Arts Comission,
mas isso era principalmente uma desculpa para fazer dele um convidado freqüente
da Casa Branca e um confidente.
Após o assassinato de JFK, o irmão do
presidente e sua viúva pediram a Walton para seguir em frente, como planejado,
com uma viagem de intercâmbio cultural à Rússia, onde ele deveria encontrar
artistas e ministros, e transmitir uma mensagem urgente ao Kremlin. Logo depois
de chegar à fria Moscou, lutando contra uma gripe e assoando o nariz com um
lenço vermelho, Walton se encontrou no ornado restaurante Sovietskaya com Georgi
Bolshakov – um agitado e rechonchudo agente soviético com quem Bobby
tinha estabelecido em Washington um canal confidencial de relacionamento.
Walton deixou o russo atônito ao lhe dizer que os Kennedys acreditavam que
Oswald era parte de uma conspiração. Eles não achavam que nem Moscou nem Havana
estavam por trás do complô, Walton assegurou a Bolshakov – era uma grande
conspiração doméstica. O irmão do presidente estava determinado a entrar na
arena política e eventualmente concorrer à Casa Branca. Se RFK tivesse sucesso,
Walton confidenciou, ele retomaria a missão de seu irmão por uma détente com os
soviéticos.
A extraordinária comunicação secreta de
Robert Kennedy com Moscou mostra quão emocionalmente alquebrado ele deve ter
estado nos dias que se seguiram ao assassinato de seu irmão. A calamidade o
transformou instantaneamente de um insider abrasivo e confiante – o segundo
homem mais poderoso em Washington – para um outsider profundamente cauteloso e
afligido pelo pesar, que tinha mais confiança no governo soviético do que no seu
próprio. A missão de Walton ficou perdida para a história. Mas é mais uma
reveladora narrativa que lança luz sobre a vida subterrânea de Bobby Kennedy
entre o assassinato de seu irmão e seu próprio fim violento menos de cinco anos
mais tarde.
Ao longo dos anos, Kennedy ofereceria
um insípido e rotineiro endosso do Relatório Warren e sua teoria do atirador
solitário. Mas privadamente ele repeliu o relatório como nada mais que um
exercício de relações públicas voltado para tranquilizar o público. E por trás da
cena, ele continuou a trabalhar assiduamente para desvendar o assassinato de
seu irmão, em preparação para a reabertura do caso se ele chegasse a ganhar o
poder para fazê-lo.
Bobby guardou evidências médicas da
autópsia de seu irmão, incluindo o cérebro de JFK e amostras dos tecidos, que
poderiam se provar importantes em uma investigação futura. Ele também
considerou se apossar da limousine presidencial manchada de sangue e recheada
de balas que tinha conduzido seu irmão em Dallas, antes que o Lincoln negro
pudesse ser limpo de evidências e reparado. Ele recrutou seu
investigador-chefe, Walt Sheridan, para sua busca secreta – o ex-agente do FBI
e camarada católico irlandês que Bobby chamava de seu “anjo vingador”.
Mesmo depois de deixar o Departamento de Justiça em 1964, quando foi eleito
senador por Nova Iorque, Kennedy e Sheridan davam uma escapada ali volta e
meia, para esmiuçar arquivos sobre o caso. E logo depois de sua eleição,
Kennedy viajou para a Cidade do México, onde juntou informações sobre a misteriosa
viagem de Oswald para lá em setembro de 1963.
Em 1967, Sheridan foi a Nova Orleans
checar a investigação de Jim Garrison, para ver se o estravagante promotor
realmente tinha desvendado o caso JFK. (Sheridan estava trabalhando com
produtor de noticiário da NBC naquele tempo, mas ele retornou a RFK,
dizendo-lhe que Garrison era uma fraude). E Kennedy pediu a seu secretário de
imprensa, Frank Mankiewickz, para começar a colher informação sobre
o assassinato para o dia em que eles pudessem reabrir a investigação.
(Mankiewickz mais tarde disse a Bobby que sua pesquisa o levara a concluir que
fora provavelmente um complô envolvendo a máfia, exilados cubanos e agentes
renegados da CIA.) O próprio Kennedy achou doloroso discutir teorias
conspiratórias com os ardentes pesquisadores que o buscavam. Mas ele se
encontrou no seu gabinete de senador com pelo menos um – um editor de jornal de
uma pequena cidade do Texas, de nome Penn Jones Jr., que acreditava que JFK
tinha sido vítima de um complô da CIA-Pentágono. Bobby o escutou e depois
mandou seu motorista levar Jones até o Cemitério de Arlington, onde este queria
visitar o túmulo de seu irmão.
Bob na corda-bamba
Às vezes, esse esforço para saber a
verdade viria à tona em sua fala por vezes acelerada, conforme Robert Kennedy
lutava com a debilitante dor e o sentimento de culpa de que ele – o vigia
constante de seu irmão – deveria tê-lo protegido. E, sempre cauteloso, Bobby
continuou a desviar do tema sempre que era confrontado com ele pela imprensa.
Mas conforme o tempo passou, tornou-se crescentemente dificil para Kennedy
evitar a luta com o espectro da morte de seu irmão em público. No final de
março de 1968, durante sua heróica e condenada disputa pela presidência, ao
comparecer a uma tumultuada manifestação no lado de fora do campus de
Northridge, Califórnia, quando alguns impetuosos estudantes começaram a gritar
a questão que ele sempre temera “Queremos saber quem matou o presidente
Kennedy!”, proclamou uma jovem, enquanto outros começaram a gritar: “abram
os arquivos!”.
A resposta de Kennedy nesse dia foi uma
caminhada na corda-bamba. Ele sabia que se ele revelasse plenamente o que
pensava sobre o assassinato, a gritaria da mídia que se seguiria teria dominado
sua campanha, ao invés de questões candentes como dar fim à Guerra do Vietnã e
abolir as divisões raciais do país. Para um homem como Robert Kennedy, você não
trata de algo tão terrível e obscuro como o assassinato do presidente em
público – você investiga o crime do seu próprio modo.
Mas Kennedy respeitava os estudantes
universitários e suas paixões – e ele tinha o hábito de se dirigir às
audiências nos campus com surpreendente honestidade. Ele não quis simplesmente
se desviar da pergunta nesse dia com seu comportamento padrão. Então, embora
cumprindo a obrigação de endossar o Relatório Warren como sempre fazia, ele foi
além. “Vocês querem me perguntar sobre os arquivos”, ele respondeu. “Eu
estou certo, como lhes disse antes, que os arquivos serão abertos.” A multidão
saudou e aplaudiu. “O que eu posso dizer”, continuou Kennedy, “e eu já respondi
essa pergunta antes, é que não há ninguém mais interessado em todas essas
questões de quem foi responsável pela, uhm, uhm, a morte do presidente Kennedy,
que eu.” O secretário de imprensa de Kennedy, Frank Mankiewickz, há muito
acostumado a ver Kennedy driblar a pergunta, ficou “atônito” com a resposta.
“Foi como se ele de repente tivesse deixado escapar a verdade, ou um modo de
encerrar qualquer questiona-mento posterior. Você sabe, ´Sim, eu reabrirei o
caso. Agora vamos seguir em frente”.
Robert Kennedy não viveu o bastante
para elucidar o assassinato de seu irmão. Mas quase 40 anos após seu próprio
assassinato, um crescente corpo de evidências sugere que Kennedy estava na
trilha certa antes que também ele fosse abatido. Apesar de suas contorções
verbais em público, Bobby Kennedy sempre soube que a verdade sobre Dallas
importava. Ainda importa.
Fonte: Conspiração, não teoria